quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

- Capítulo 2 -
Carpe Diem



Parte 1 - "DELIRIUM"



"Querido diário, hoje é 05 de agosto de 2009...

   Sabe... desde o acidente eu não saio mais de casa pra me divertir. Eu moro em Nova York! Quando olho a minha volta vejo milhares de pessoas rindo e se divertindo, eu sei que a maioria só está assim devido o efeito das drogas e do álcool, mas e daí? Eu também quero curtir, me render aos prazeres de NY. Agora que não tenho mais a Ashy não me importo mais comigo. Quero curtir a vida, conhcer garotos, ficar bebada! Tenho 17 anos e nunca fiz nenhuma loucura, hoje isso vai mudar. Vou fazer tudo que nunca fiz, começando por tirar uma identidade falsa se não vou ficar de fora das melhoras baladas. Vou aproveitar pra tentar esquecer o John, ele não sai da minha cabeça desde o nosso encontro na casa da árvore e pra piorar sinto um frio na barriga muito irritante toda vez que penso nele.
   Pelo que eu sei, só sentimos esse friozinho na barriga quando estamos... Ah! Não pode ser isso, deve ser alguma coisa que comi na janta e me fez mal. Quer dizer... qualquer coisa é melhor que estar gostando de John Stwart! O único sentimento que me permito ter por ele é o de repulsa..."

À tarde Natalie me ligou - "Hey amiga! Como você tá?"

"Tentando superar." - Respondi um pouco desanimada.

"Desde o acidente não nos falamos direito. To com saudades de você garota!" - Natalie diz tentando melhorar meu astral.

"Rs. Tembém to com saudades de você e das meninas. O que vai fazer à noite?" - Perguntei tentando mudar o foco da conversa. Não queria relembrar do acidente.

"Vou ficar em casa. Alguns familiares vão vir me visitar. Todo mundo ficou muito preocupado por causa de tudo que aconteceu. E você?"

"Bom... eu cansei de sentir pena de mim mesma, de ficar trancada no meu quarto chorando. Vou viver o carpe diem! Curtir cada segundo da minha vida na grande Nova York!" - Respondi nem um pouco convicta de minhas afirmações. Quem eu estava querendo enganar? Vou continuar chorando a minha vida inteira, mesmo que não seja trancada no meu quarto.

"Jessy, pensa melhor. Eu sei que você e a Ashy eram muito amigas e tá sendo muito difícil pra você superar, pra mim também não está sendo fácil."

"Natally, eu já perdi a Ashy e junto com ela perdi toda minha vontade de seguir em frente. Me diz o que de pior pode acontecer?"

"Você não é assim Jessy. Eu já perdi uma amiga, não quero perder você também." - Natalie disse quase chorando ao telefone.

"Fica calma Nat, eu sei o que to fazendo. Amanhã te ligo pra contar como a noite foi boa. Beijinhos amiga. Te amo."

   Quantas mentiras eu estava dizendo. Eu não tinha a menor idéia do que estava fazendo. A Ashy guiava minha vida. Ela sempre teve um espírito de liderança muito forte.

   Peguei meu notebook pra pesquisar quais os melhores bares e clubes da cidade e vi que tinha alguém me chamando no msn. Senti de novo aquele frio na barriga... era John Stwart.
   Na hora eu achei melhor ignorar mas não queria que ele pensasse que sou mal educada, não que eu me importasse com o que ele pensava de mim, na verdade não me importava com nada em relação  a ele. Que droga! Por que ainda to com esse frio na barriga?!

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-> <<(( JOhNny ))>> diz:

. Hey menina! Como você tá?

-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤·· diz:

. Eu to ótima. Por que?

-> <<(( JOhNny ))>> diz:

. Eu fiquei preocupado outro dia. Você saiu meio irritada lá da casa da árvore.

-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤·· diz:

. É. Saí sim. Pensei que você tivesse mudado mas continua me tirando do sério como antes.

-> <<(( JOhNny ))>> diz:

. Hey! Eu nem fiz nada.

-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤··° diz:

. Olha Johnny, não to afim de me irritar agora tá? Além do mais to ocupada.

-> <<(( JOhNny ))>> diz:

. Tudo bem. Tava pensando se não podiamos nos encontrar à noite, pra conversar.

-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤·· diz:

. Eu já tenho compromisso. Fica pra uma outra hora. Beijinhos... bye bye.


-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤·· está Offline.

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   "O John tá tão lindo na foto do msn... ai ai... ele tá mais bronzeado, deve ter tirado na praia. Será que ele anda malhando? Ai ai... como está perfeito..." Pensava eu olhando pra pequena foto de John Stwart na janelinha do messenger.
   "Hey! O que eu to fazendo?! Esse é John Stwart! O pirralho idiota que colava chicletes no meu cabelo! Fala sério! Devo ter tomado comprimidos demais pra dor de cabeça." Eu tinha muitos diálogos mentais sobre mim mesma rs... As vezes até discutia feio com meus pensamentos... rs

   Olhei no relógio, eram exatamente 15h e 43min, eu ainda tinha muito tempo antes da minha grande noitada então resolvi sair um pouco pra me distrair.
   Era a primeira vez que via Nova York sem a Ashy, tudo estava tão diferente, parecia menos iluminada, menos colorida. Sempre riamos muito por essas ruas, falavamos das pessoas, das vitrines e principalmente dos garotos... rs
   Já perdi a conta de quantos namorados tivemos, sempre fomos o tipo de garotas populares mas nunca fizemos nada por isso, nunca nos importamos muito em ser populares sabe... as pessoas se aproximavam de nós naturalmente e os garotos também... rs

   Sempre fomos meninas mimadas e protegidas. Ashy arriscava algumas loucuras, mas eu nunca tive coragem. Naquele momento, naquele instante eu precisava me libertar. Precisava adentrar naquele mundo VIP de Nova York que só os corajosos aproveitavam. Coitadinha de mim, como estava errada e triste. Meu sofrimento me consumia de tal modo que não me deixava pensar. Ninguém podia entender. Nem eu entendia.
   Quando a gente para pra pensar, agente vê que a vida é precisamente pintada e riscada com detalhes, igual as pinceladas das telas de DaVinci - Minha mãe tinha três "xodós". Rs.. Era como ela chamava as três obras de arte que ela mais gostava da sua coleção. Eram de DaVinci. Caríssimas, e muito belas. Enfeitavam com luxo e despojo a nossa sala de estar. Uma casa tão linda, obras tão lindas, quem visse até pensaria que eramos felizes. Assim como eu precisava da Ashy minha mãe precisava de mim. Ela tinha problemas com alcoolismo e eu nunca pude seguir o meu verdadeiro sonho - de se tornar uma grande modelo, uma top model mundial, quem sabe. - Mas não pense que eu sonhava demais, elogios e propostas não faltavam pra esse meu sonho se tornar realidade. Barry Davis, um amigo da família, era agente de modelos. Ele não poupava elogios e muito menos propostas pra me tornar uma de suas melhores modelos e eu sempre me animava muito quando ele falava desse mundo maravilhoso que tanto me enxia os olhos, mas eu não podia. Eu não podia abandonar minha mãe. Não conseguia aceitar o fato de seguir com a minha vida enquanto eu sabia que ela iria se afogar no próprio copo de whisky. Mas as coisas mudam não é verdade? E como toda boa modelo metida e arrogante que se preze... eu me cansei de tudo.

 ***

   "Será que esse vestido pink fica legal com minha sandália prata?" Conversava eu com meus botões em frente ao espelho. Minha mãe sempre diz que o problema de ter muita roupa é que sempre ficamos em dúvida no que vestir, se tivessemos uma peça só não teriamos esse problema.
   Na verdade nunca tive muitos problemas pra me vestir mas naquela noite eu estava, inconcientemente, procurando motivos que me impedicem de sair. Eu sabia que não daria certo me arriscar, é como se jogar na boca dos leões. Infelizmente eu sempre fui orgulhosa demais pra desistir e naquela noite eu ia por pra fora tudo que nunca tive coragem de fazer!

   "DELIRIUM" Estava escrito em letras grandes e vermelhas na frente da boate. Engoli seco, respirei fundo e me entreguei. Eu tinha certeza que aquela noite seria inesquecível.
   Música alta, jogo de luzes, muita gente e logo na entrada um garoto super sarado veio me oferecer um drink.
   "Talvez não seja assim tão ruim. Deve ser só paranóia da minha cabeça." - Pensei olhando aquele garoto lindo parado na minha frente.
   Sorri e aceitei, aquele único drink se transformou em vários copos de whisky e martínis, minha cabeça já estava rodando e eu tinha uma energia incrível! Dançava incansavelmente e estava demais todos aqueles garotos lindos me pagando bebidas o tempo inteiro. Junto com a Ashy morreu minha inocencia.

Um comentário:

  1. Ta muito legal a historia, vc sumiu por um tempão... tava na hora de continuar! parabéns pela historia!

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