domingo, 20 de junho de 2010

Parte 2 - "Uma modelo nata!"


"Ai meninas, vocês acreditam mesmo que eu estou indo para uma sessão de fotos com o Taylor Launter?! Vocês já repararam no corpinho lindo e sarado dele?! OMG! Vou surtar!" - Perguntei as meninas, não conseguindo acreditar, enquanto esperava o Barry terminar de resolver alguns assuntos burocráticos com minha mãe.

"Lógico Jessy! Cai na real! Você já fez essa pergunta um zilhão de vezes!" - A Nat falou enquanto me sacudia pelos ombros para ver se eu parava de achar que aquilo era um sonho.

"Sempre soubemos do seu potencial amiga, só tava faltando aparecer a oportunidade certa. Você vai se sair bem, relaxa." - A Jenny deu um sorriso tentando me acalmar mas nada me tranquilizava. Eu  estava sentindo um furacão rodando dentro de mim.

"Vamos querida? Os flashs te esperam!" - Barry se aproximou "desfilando" como sempre faz.

Fechei os olhos, respirei fundo e os abri novamente só pra conferir mais uma vez se eu não estava sonhando. É, era mesmo verdade. Meu sonho finalmente estava se realizando.

"Tem certeza que está tudo bem mãe? Eu fico se você achar melhor." - Falei segurando nas mãos da minha mãe.

"Vai querida. Esse é o seu sonho. Não vou mais impedir que ele se realize. Sempre acreditei em você e tenho certeza que me trará mais orgulho do que sempre touxe." - Minha mãe falou enquanto passava a mão no meu cabelo e tentava conter as lágrimas.

"Oh mãe! Eu te amo!" - Abracei minha mãe bem forte enquanto chorava em seus ombros.

"Jessy, não quero estragar o momento e eu to até emocionado, mas vamos nos atrasar se não formos agora." - Barry disse enquanto chorava e olhava as horas em seu escandoloso Rolex.

Sequei as lágrimas que ainda desciam pelo meu rosto, peguei a bolsa e fui para o carro. Quando ia fechando a porta, Jenny me impediu.

"Hey garota! Você tá achando que vai curtir a fama sem a gente?!" - Ela falou já me empurrando pro canto pra que todas sentassem ao meu lado.

"O Barry deixou vocês irem também? Não acredito. Que demais meninas! Esse dia não tem mais como ficar melhor!" - Disse abraçando todas as quatro.

Eu estava muito feliz. Como nunca antes.

Sabe o que eu falei sobre o dia não ter mais como melhorar? Eu estava completamente errada!

Chegando nos camarins dei de cara com ninguém mais ninguém menos que Kirsten Stewart! Acho que ia rolar alguma sessão de fotos do Crepúsculo depois. Não quiseram me informar. Na verdade lá ninguém informa nada. Ninguém nem fala com você, é horrível. No máximo alguém esbarra em você. Todo mundo vive na maior correria e quando você vê você tá correndo também. E parece que ninguém sabe, na verdade, porque esta correndo. Eu até queria dar uma andada, pra tentar ver o Robert Pattinson, mas estava muito, muito apressada. Pra que mesmo?

"Jessy Gray né? Direto pra maquiagem! Estamos atrasados filhinha!" - Um homem com uma calça hiper justa e uma camisetinha rosa parou na minha frente com uma prancheta e saiu me arrastando antes mesmo que eu pudesse confirmar se era ou não Jessy Gray.

Vocês não tem noção do que era aquela bancada de maquiagens! Era tipo P-E-R-F-E-I-T-A!!! Queria ficar ali o resto da minha vida! A Jenny, que quase não é atirada né, pegou um blush da MAC e já  ia passando quando a maquiadora olhou pra ela com um olhar fumegante, aí ela preferiu largar o blush e ir comer alguma coisa. rsrs


"I gotta a feeling... Ooh Ooh... That tonight's gonna be a good night. That tonight's gonna be a..." - Meu celular tocou na minha bolsa.


"Não pode atender agora. Estamos atrasadas. Você tem que estar pronta em 15 minutos!" - A maquiadora ao meu lado falou inexpressiva como todos dentro da sala. Eu já estava começando a me sentir como a Alice no filme quando ela encontra o Coelho Branco “Oh puxa! Oh puxa! Eu devo estar muito atrasado!” Sempre atrasados...
Olhei no celular, era o John. Fiz uma anotação mental para lembrar de ligar para ele depois que a sessão terminasse.

"Querida, se apresse! Você está atrasadíssima! Deixe-me ver como está ficando sua maquiagem... Divína! Esses produtos fazem milagre realmente!" - O camisetinha rosa falou observando cuidadosamente meu rosto. O que ele quis dizer com "Esses produtos fazem milagre"? Ele disse que sou feia?! como assim?!
Meus pensamentos foram interrompidos quando ele saiu me puxando pelo pulso novamente, agora para trocar de roupa.

A sala com as roupas era um sonho! Encontrei as meninas lá novamente.

"Jessy! Você está linda! Que maquiagem perfeita! E esse cabelo? O Taylor vai se apaixonar por você durante a sessão!" - A Jenny, sempre exagerada, disse alto indo ao meu encontro.

"Você acha mesmo? To parecida com uma modelo famosa?" - Perguntei me analisando minuciosamente no espelho. O camisetinha rosa tinha razão, essa maquiagem faz mesmo milagre!

Meu celular tocou novamente e era o John outra vez. Peguei para atender mas uma mulher alta me impediu.

"As roupas não vão te vestir sozinhas fofinha. Melhor fofocar no celular outra hora."

Sorri sem graça, guardei o celular e entreguei minha bolsa à Jenny. Segui a mulher até as roupas que eu deveria vestir e me troquei o mais rápido possível pra não levar bronca de novo.
Depois de pronta, tenho de admitir, eu estava realmente parecida com uma modelo. Eu estava muito feliz. A Ashy ficaria orgulhosa.
Dalí fui direto para as fotos. Aquela altona era arrogante até quando não falava nada.
Quando vi o Taylor me conti para não agir que nem uma fã maluca e tentei parecer o mais séria e profissional possível. Ele foi super simpático durante toda a sessão e me deu várias dicas ótimas, mas infelizmente ele não quis me contar o final da saga Crepúsculo (eu sei que já tem nos livros mas filme é sempre diferente), disse que estragaria a emoção de descobrir assistindo. De qualquer forma, eu adorei ter conhecido ele e com certeza vou guardar o autógrafo que ele me deu pra sempre!
A sessão durou quase a noite inteira e quando terminou eu estava morrendo de fome. Peguei minha bolsa e quando olhei meu celular tinham 12 ligações do John. Prometi a mim mesma que ligaria assim que terminasse de comer alguma coisa. Encontrei as meninas e fomos até um bar que havia naquele mesmo andar do prédio onde tinha feito a sessão. Assim que terminei fui ver como ficaram as fotos e acabei me esquecendo de ligar para o John. Não me preocupei muito, tinha certeza que ele entenderia quando contasse o motivo de não ter o atendido.
O Barry amou as foto e disse que tinha certeza que não se arrependeria de ter me chamado, ele disse que eu era uma modelo nata! As meninas também adoraram as fotos e eu mais ainda! Estava super feliz e louca para contar tudo ao John!
Depois liguei pra minha mãe mandar a limousine vir me pegar. Tudo aconteceu tão rápido que não tive tempo de contar nada ao John, mas quando chegasse em casa ia ligar pra ele, com certeza. Não tinha dúvidas que ele ficaria muito feliz por mim, ele sabia o quanto eu sonhava em ser modelo.

Quando a limousine chegou eu e as meninas nos despedimos do Barry e fomos embora. Deixamos cada uma em suas casas e eu fui pra minha.
Estava morta e precisava urgentemente dormir. Contei cada detalhe a minha mãe enquanto comia os biscoitos de chocolate que ela havia feito para comemorar - adoro os biscoitos que ela faz - Em seguida tomei um banho e quando bati na cama dormi no mesmo instante. Tava eu indo dormir as tres horas da manha de novo. Eu odeio dormir essa hora. Na verdade, acho que nunca dormi dois dias seguidos as três horas da manhã. Mudanças de rotinas são assim. Mas, quer saber, mudar é bom! Ou melhor, é relativo. Enfim, minha rotina com certeza mudaria a partir daquele dia. Mudaria até mais do que eu esperava. E realmente mudou. Mudou de uma fotma tão intensa que nem gosto de lembrar.

Sabe, vou confessar uma coisa pra vocês. Todas as noites eu chorava. E chorei por anos. Sem excessão. E nessa época fazia cerca de uma semana que a Ashy havia me deixado. E mesmo depois de anos eu tentava fingir que não tinha acontecido. Principalmente nesse início. Não quero que pensem que eu era insensível por ir a festas, seguir minha carreira de modelo, me apaixonar pelo irmão dela e etc... É que perder alguém na morte não é uma coisa que a gente está acostumado, nem muito menos preparado. E leva tempo pra se adaptar. Então se eu agia assim é porque eu simplesmente não sabia como agir. Mas minha vida seguia. E nessa época, meu sentimento pelo John aumentava cada vez mais.

Pela manhã minha mãe me acordou dizendo que eu tinha uma visita especial. Não acreditei. Tava num soninho tão gostoso. Pensando no John.

"Quem é mãe?" - Perguntei ainda meio tonta.

"Desce que você vai saber. Acho que você vai gostar."

Minha mãe estava com uma estranha diversão no olhar.

"Quando você namorar de novo por favor avise sua mãe, viu? Não é porque você cresceu que vai deixar de ser meu bebê." - Minha mãe acrescentou, sorrindo, quando saia do quarto.

(Ai meu Deus deve ser o John, como minha mãe sabe que estamos nos gostando?) - Pensava eu enquanto estava ansiosa pra matar minhas saudades.

Nem mudei de roupa. Estava com uma camisola vermelha, muito curta por sinal. Fui encontrar com ele. Estava tão nervosa quanto asiosa. Desci as escada e...

- Dérik?

- Jessy!

- Ai meu Deus, não acredito.

- Ei, vai ficar ai parada? Me dá um abraço logo.

Corri até ele e o abracei forte. Não acreditei que era ele. Estava muito feliz, e confusa, e espantada. Mas muito feliz.

Oops... Desculpem. Vou explicar.

Dérik era meu ex-namorado. Fazia mais ou menos um ano que eu não o via. Ele morava aqui em Nova York. Mas seu pai sofria de uma doença himunológica e estava muito mal de saúde. Daí ele e sua família foram morar na Carolina do Norte, onde o pai dele respiraria um ar mais puro e se recuperaria mais rápido. Nós eramos, além de namorados, grandes amigos. Mas desde que ele se foi nunca mais nos vimos. Apenas trocamos cartas. O sinal do celular onde ele morava dificilmente pegava e internet tambem era uma coisa complicada. Fazia dois anos e ele ainda estava a mesma coisa. Com aquele sorriso grande, os mesmos olhos clarinhos que me cativavam e aquele rosto angelical tão lindinho que ele tinha.

- Ai meu Deus Dérik, quanto tempo! - Falava eu ainda um tanto surpresa.

- É faz um tempinho sim né.

- Tempinho nada. Faz muito tempo. Meu Deus. Como está seu pai, sua mãe?

- Estão bem. Meu pai esta praticamente curado. E minha mãe tá bem, como sempre.

Eu e Dérik paramos de nos mandar cartas com o tempo. Continuamos seguindo nossas vidas normalmente.

- Quer sentar? Vou pedir pra trazerem alguns biscoitos.

- Claro. - Ele me olhava como se quisesse me conquistar outra vez. Mas mal sabia que o John chegou primeiro. Mas aceitei conversar com ele, afinal era um grande amigo que fez uma parte importante na minha vida.

Depois de falar a empregada que trouxesse um café com biscoitos voltei a sala e disse:

- Acho que é melhor eu colocar uma coisa menos indescente pra te receber melhor não acha?

- Não, que isso. Você esta linda assim. Por mim não tem problema. - Que safadinho. Sorri na hora, e até gostei do elogio.

- Ok. Então tá. - Ainda me sentia muito a vontade com ele.

Após sentar ficamos nos olhando, pensando o quanto aquela situação era estranha.

- Uau... Nem acredito. - Disse eu - Me conta o que te fez voltar!

- Bom, além de você, a independência. - Sorri.

- Como assim?

- Bom, eu fiz 20 anos mês passado e achei que talvez fosse hora de morar sozinho. Meus pais me apoiaram e que lugar poderia ser melhor que Nova York, o lugar onde eu cresci. Então vim ver o estado da nossa antiga casa. Talvez eu more lá de novo.

Conversamos por um bom tempo. contei todasa as últimas novidades. As boas, as ruins. Até dar a hora de ele ir embora. O conduzi até a porta.

- Bom, então até mais né.

- Isso até mais. Algo me diz que nos veremos muito.

- Vê se não some de novo ok? - Disse sorrindo.

Quando nos abraçamos ele me levantou como sempre fazia e eu comecei a rir como eu sempre fazia. Depois ele me colocou no chão, eu ainda estava sorrindo quando vi que John estava logo ali atrás nos observando com uma cara de "poucos amigos".

- John? - Disse eu um tanto espantada e também constrangida.

- Jessy? - Disse John num tom ironico.

- E ai John? - Disse Dérik mais ironico ainda.

Notando o elevado tom ironia pairando no ambiente tentei apasiguar a situação:

- hum, por favor Derik...

- E ai Derik? - John me interrompeu.

- Quem é ele? - Derik virou e me perguntou baixo.

- Acho que eu que devia fazer essa pergunta, não? -  John tinha ouvido.

- Ok, rapazes. Parem com isso por favor. Derik deopis nos falamos.

- Tá certo. Dessa vez não vou sumir, prometo. - A cada palavra que o Derik dizia mais constrangida ele em deixava - Tchau Jessy... Tchau John! - Ai, como ele era implicante.

- Ele não é seu primo né? Porque eu com certeza não vou engolir essa desculpa pro abraço. - John, ironico de novo.

- Não John, não é meu primo. É complicado.

- Bom, ele não é seu parente e pelo que eu vi também não me pareceu gay, então... - John falava como se estivesse num interrogatório policial.

- John você está desconfiando de mim? - Falei indignada.

- De modo algum mas as trinta ligações não atendidas de ontem me deixaram um tanto confuso e... ah, não foi muito legal ver você no colo desse cara agora também não. Não sei, não foi uma coisa que me deixou feliz, sabe? - John começou a falar de modo insunuativo.

- John eu não estava no colo dele, por favor. - dizia eu tentando acalmá-lo mas devo adimitir que já estava ficando com raiva.

- Ah sim, então vamos perguntar a ele, pelo que eu pude ver ele "não vai sumir dessa vez" não é? - Quanta petulância.

Ficamos nos olhando uns segundos e daí a luta começou a ser disputada por dois:

- Desculpe John, eu Acho que não te devo satisfações.

- Ah é? Você não deve mesmo.

- É, eu não devo. Nunca deví.

- Não acredito que esta falando isso. Você tá negando o que sente por mim.

- Como você pode dizer uma coisa dessas? - Falei a caminho da escada pra ir para o meu quarto e ele veio atrás. Continuei falando - Você não sabe o que eu sinto, na verdade você não passa de um pirralho. Um pirralho crescido mas que ainda pensa como criança.

- Olha eu não acho que eu penso como criança não. Na verdade, tudo que aconteceu me mostrou quem é a verdadeira criança aqui.

- John, pela milésima vez, nada aconteceu! - Já estava no meu quarto, John me puxou pelo braço me fazendo parar de andar.

- Aconteceu sim. Te liguei ontem o dia todo e você ficou me evitando e hoje quando vim conversar com você vi você se esfregando naquele cara. Acho que aconteceu alguma coisa sim. - Eu podia ver a raiva nos olhos dele.

- Não John. Ontem eu fiz um ensaio fotográfico. Ontem eu iniciei a minha carreira de modelo. Eu ia te contar mas não deu tempo, tudo aconteceu muito rápido e eu pensei que você fosse entender. Realmente pensei. Meu agente me convidou pra ir a Europa John, é tudo que eu sempre quis. Poderei fazer minha carreira internacional. E o Derik... Quer saber, eu realmente não te devo satisfações. - Eu já estava chorando - Eu nunca gostei desse sentimento que eu estava tendo por você. Eu sempre te odiei John. Sempre. - Enxuguei as lágrimas do rosto e continuei - Bom, acho que já estamos conversados. Antes de ir pra Europa depois de amanhã eu queria perguntar o que você achava. Ou se você iria comigo. Mas quer saber, não me importo mais e parece que você não se importa também, foi idiotice minha achar que você ficaria feliz por eu estar realizando meu sonho. Só mais uma coisa: Minha carreira é mais importante que você. É muito mais importante que você. - Acho que nunca havia sentido tanta raiva de alguém antes.

Depois de uns segundos de silêncio John disse:

- Acho que você não é o que eu pensava. - Nunca me esquecerei da expressão de nojo que ele fez nesse momento.

Após ter dito isso John saiu porta a fora me deixando pior do que nunca. Um vazio gigante permanecia dentro de mim e me tomava de um jeito que eu nunca tinha sentido. Certas vezes na vida devemos pensar duas vezes nas palavras que usamos. Elas fazem muita diferença. O orgulho acompanha a tristeza e a solidão. A raiva é covarde. Fala as piores coisas dos piores modos e é você que sofre as consequências. Mas independente disso, naquele instante minha vida seria minha profissão e eu teria que ter certeza disso e não me deixaria abalar por nada. Na vida a gente aprende que mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Aplicando esse ditado na minha vida, naquele momento, mas valia minha carreira na mão e deixar meus sentimentos voando do que me entregar numa relação de dois mundos completamente diferentes. Nem tudo é perfeito. Ninguém disse que seria.

E o coelho passaria a sair da toca pra encontrar o mundo da moda. A pergunta é: Será que um pobre coelhinho branco como eu conseguiria cenoura pra se alimentar?

Alguns erros são definitivos.