terça-feira, 27 de julho de 2010

- Capítulo 5 -

   Passados presentes


Parte : Finalmente a sós

"Querido Diário, hoje é 08 de agosto de 2009...

Esses dias realmente foram uma loucura. Meus pensamentos estão a mil e meus sentimentos a flor da pele.
Minha carreira de modelo, rever o Derik, brigar com o John... não sei se consigo aguentar tanta coisa.
O último é o que mais me preocupa, sabe... o John.
Por que ele agiu daquela forma? Se ele gosta de mim, por que não disse claramente, com todas as palavras? Eu iria amar. E por que ele não diz agora? Ele tem meu telefone, ele sabe onde eu moro, é tão difícil pedir desculpas? Por que ele não me deixou explicar? Por que tudo aconteceu assim?
Aquele friozinho que eu sentia na barriga toda vez que pensava nele se transformou num vazio terrível e o pior é que não consigo deixar de pensar em todas essas coisas, eu sei  que preciso focar na minha carreira, mas meus sentimentos não deixam.
Tudo que eu sempre sonhei, o objetivo da minha vida, está finalmente dando certo, está finalmente acontecendo. A sessão de fotos, o desfile, eu devia estar muito feliz com tudo isso mas não estou. Na verdade, não sei nem o que fazer. Ainda bem que viajo amanhã para a Europa e tudo isso vai ficar pra trás. Não pensar em tudo isso por um tempo talvez seja bom. E eu quero fazer minha carreira dar certo. Mas como tão triste assim? Talvez com o John na minha vida eu não consiga. Ai ai... Quantas dúvidas. Essa viagem não poderia estar acontecendo em hora melhor. Pelo menos é isso que eu espero."


"Querida, as meninas estão aqui. Querem falar com você." - Minha mãe disse pelo cantinho da porta do meu quarto.

"Pede pra elas virem até aqui, por favor." - Não estava afim de sair do meu quarto. Minha mãe nem precisou falar com as meninas, quando se virou já estavam esperando na porta.

"Hey Jessy, o que aconteceu com você? Não tivemos notícias sua desde ontem. Tava comemorando com o John é?" - A Nat me perguntou com um sorrisinho malicioso no rosto.

"Ai meninas, nem falem do John. Deu tudo errado!" - Falei afundando meu rosto no travesseiro. Comecei a sentir meus olhos se enxerem de lágrimas só de lembrar.

"Como assim? O que aconteceu?" - Camilly perguntou enquanto as meninas sentavam em volta de mim na cama.

"O John chegou aqui e me viu abraçada com o Derik. O clima ficou super tenso, a gente brigou e ele foi embora. Que droga!" - Falei tudo de uma vez só enquanto as lágrimas desciam pelo meu rosto.

"Pera aí, o Derik?! Ele não tava na Carolina do Norte? E por que você brigou com o John?! Não to entendendo nada Jessy, explica melhor isso tudo." - A Jenny perguntou com uma sombrancelha arqueada, ela sempre fazia essa expressão quando não entendia alguma coisa.

"Assim... minha mãe me chamou de manhã dizendo que eu tinha visitas, pensei que era o John mas dei de cara com o Derik. Conversamos e ele me disse que voltou pra cá porque resolveu morar sozinho e não tinha lugar melhor do que aqui pra isso. Ficamos conversando e na hora dele ir embora o acompanhei até a porta, aí quando nos abraçamos ele me levantou como sempre fazia e quando me colocou no chão ví que o John estava atrás dele, vendo tudo." - Falei enquanto me recostava na cabeceira da cama tentando relaxar.

"E aí? O que o John fez?" - Camilly perguntou aflita, como se aquele fosse o final de alguma novela mexicana.

"Ele deu um ataque. Ficou super nervoso, falou um monte de coisas, discutimos e ele foi embora. Nem sei porque ele ficou daquele jeito. Poxa, somos só amigos, qual o problema dele ter me visto abraçada com o Derik?"

"Amiga tá na cara que rola alguma coisa entre vocês e vocês sabem disso." - Jenny falou como se aquela fosse a coisa mais óbvia do mundo. Talvez fosse mas pra mim não era a hora de adimitir ainda.

"Por que ele nunca me disse então? Precisava ter agido daquela forma?" - Perguntei já imaginando qual seria a resposta.

"E por que VOCÊ nunca disse? Com certeza teria evitado muita discussão." - Jenny respondeu me deixando sem resposta. No fundo eu sabia que ela tinha razão, eu poderia ter dito primeiro mas não disse e agora tava naquela confusão toda.

"Ainda dá tempo de falar com ele Jessy, não seja orgulhosa." - Camilly disse pegando na minha mão.

"Eu não." - Larguei a mão dela - Ele tem que me pedir desculpas. Foi ele quem começou toda a discussão, eu não fiz nada!"

"Jessy, pensa bem, presta atenção..." - Nat começou mas eu a interrompi.

"Meninas, vamos parar de falar disso ok? Amanhã viajo pra Europa e tudo isso vai ficar pra trás, pelo menos por um tempo." - Respirei fundo tentando acreditar no que eu acabara de falar.

"Tudo bem. Vamos tomar um sorvete?" - Camilly sugeriu e fomos todas até nossa sorveteria preferida.

Pegamos nossos sorvetes, o meu e o da Jenny de chocolate, o da Camilly de morango e o da Nat de pistache. Sentamos na mesa de sempre, perto da janela, lugar estratégico, lá sempre passam muitos garotos lindos e sentadas na janela vemos todos de camarote.

"Jessy, fala com o John. Eu sei que vocês se gostam, não vale a pena ficarem assim por uma besteira." - Insistiu Nat. Sei que ela só estava preocupada comigo mas a insistencia delas já estava me irritando.

"Besteira? Você não estava lá, não viu a cara de nojo que ele fez pra mim. Ele exagerou muito, podia muito bem ter sido simpático com o Derik, somos apenas amigos... todos nós." - Falei tentando não aumentar o tom da minha voz.

"E o Derik? Como foi revê-lo? Quando ele foi embora vocês ainda se gostavam muito né?" - A Jenny perguntou curiosa.

"Ah... sei lá... quer dizer, foi ótimo. Tava morrendo de saudades dele. Ele continua o mesmo de sempre. rs" - Sorri sem querer, lembrando de como era divertido estar com o Derik.

Todas pararam por um segundo.

"Essa cara... Jessy... eu te conheço. Você ainda gosta dele não gosta?" -  Camilly perguntou me analisando minuciosamente.

"Tirou as palavras da minha boca, Cammy." - Disse Jenny limpando os lábios com o dedo e com uma cara, digamos, desafiadora pra mim.

"O quê? Meninas, vocês tão loucas? Acabram de dizer que eu gosto do John, agora dizem que gosto do Derik, resolvam-se né." - Meu celular tocou assim que terminei de falar. Senti meu coração pular na esperança de ser o John pedindo desculpas. Me decepcionei quando não reconheci o número. Atendi.

"Jessy? Oi, é o Derik. Tudo bem?" - Ele sempre teve uma voz linda. Ai ai...

"Oi Derik, tudo bem sim, aconteceu alguma coisa? Quer dizer, nos falamos a pouco tempo. rs" - As meninas abafaram o riso quando falei o nome dele.

"Ah, você sabe né... não consigo ficar muito tempo sem falar com você."

"Sei... você não muda né? Anda, diz o que foi."

"É que quando eu vim embora ficou uma clima meio tenso lá entre você e aquele cara, queria saber se aconteceu alguma coisa, sei lá, não fui muito com a cara dele."

"Aconteceu sim. A gente discutiu." - Falei desanimada por ter que tocar novamente nesse assunto.

"Que idiota! Sabia que tinha alguma coisa errada com aquele cara. Aonde você tá?" - O Derik falou com a voz mais elevada. Ele estava ficando irritado. Fiquei feliz por ele não saber onde o John morava, o Derik sempre foi muito impulssivo.

"Numa sorveteria com as meninas. Só relaxando um pouco. Mas vamos deixar esse assunto pra lá, ok? - Desconversei. Não tinha gostado de ele ter chamado o John de idiota, mas como eu também queria chamar não briguei com ele - Elas ficaram surpresas quando eu disse que você voltou."

"Então quer dizer que anda conversando sobre mim? Isso é um bom sinal. Não saiam daí ok? Vou encontrar com vocês. Beijooo, to chegando já." - Ele sempre teve o costume de distorcer as coisas, deve estar imaginando que falei de sua beleza angelical e passei o dia inteiro suspirando por ele.

Ele realmente chegou bem rápido e quando passou sorrindo em frente a janela as meninas já começaram a comentar. "Eu disse que era ótimo sentar na janela."

"Como ele tá lindo!" "Olha o cabelo dele!" "Com certeza ele malhou muito!" - Não faltavam elogios das meninas e olhares das outras garotas da sorveteria.

"Calem a boca meninas, ele não é surdo né!" - Sussurrei enquanto ele se aproximava, mas não adiantou muito, ele ouviu do mesmo jeito.

"Se preocupa não Jessy, já estou acostumado com os elogios. E aí meninas, quanto tempo." - Ele falou enquanto abraçava e beijava cada uma. Depois se sentou do meu lado.

Vi as meninas cutucando umas as outras por baixo da mesa e depois Camilly falou:

"Bom Derik, foi ótimo rever você e adorariamos ficar aqui conversando, mas precisamos ir embora. Então, até qualquer hora." - Todas se levantaram e sairam antes que eu pudesse dizer qualquer coisa. Óbivio que elas fizeram isso só pra eu e o Derik ficarmos sozinhos. Pode parecer estranho. Mas no fundo, no fundo, era exatamente o que eu queria.

"É... finalmente a sós. Acho que o destino anda torcendo por nós." - Derik falou enquanto colocava o braço a minha volta.

"Destino? - Sorri - Só se o destino se chamar Jenny Sindelar." - Ele também sorriu dando de ombros e me disse:

"Você tem um sorriso lindo sabia?" - Na verdade o John já tinha me dito isso mas preferi ficar quieta. O Derik era uma das poucas pessoas que conseguia me deixar sem jeito. Percebendo que eu não iria responder ele continuou.

"E então, vai me contar qual é a daquele cara?"

"'Aquele cara' se chama John e ele é o irmão mais velho da Ashy. Ele morava na Califórnia, mas depois de tudo que aconteceu ele veio pra cá." - Tomei uma colherada do meu sorvete e torci pra essas informações serem suficientes. Realmente não queria falar sobre o John e muito menos falar sobre John com o Derik.

"E por acaso vocês são namorados?" - Pois é, não foram suficientes. Sabia que ele chegaria a essa pergunta mais cedo ou mais tarde.

"Namorados?! Não, claro que não! Apenas amigos, quer dizer, pelo menos era isso que eramos antes da discussão."

"Ele fez alguma coisa com você? Ele te ofendeu? Onde esse cara mora?" - Derik sempre se exaltava muito facilmente. Ainda bem que ele se acalmava com a mesma facilidade.

"Calma Derik, ele não fez nada. Vamos mudar de assunto ok? Não quero mais falar sobre o John." - Já tinha perdido a conta de quantas vezes tinha dito isso. Por mais que eu não quisesse falar sobre o John, alguém sempre tocava no assunto.

"Tudo bem, prometo não falar mais nisso!" - Disse ele levantando a mão direita como uma testemunha que acabara de fazer um juramento em pleno processo tribunal. Continuou:

"Então Jessy, faz pouco tempo que tudo aconteceu né? O acidente, a Ashy... como você tá com tudo isso?" - Ele perguntou com a voz mais doce do mundo, sem mudar, é claro, seu estilo misterioso e aquele olhar de sempre de quem quer conquistar. Mas eu senti que ele estava mais preocupado que curioso.

"Sinceramente, não faço ideia. É coisa demais pra eu suportar sabe? Tento não pensar nisso, levar a vida adiante. E tá tudo tão recente. As vezes tenho medo de parecer fria. Mas não sou. Eu acho que só estou tentando me proteger de mais sofrimento. A Ashy era a pessoa mais importante da minha vida. Eu sinto a morte dela todos os dias e sei que vou sentir pra sempre." - Comecei a chorar sem conseguir conter os soluços.

"Ei, ei... não chora minha linda. Claro que você não é fria. Olha, eu tenho certeza que esta sendo tudo muito difícil pra você. Ninguém esta preparado pra lidar com uma situação assim, por que você estaria? A vida é injusta demais Jessy, não podemos fazer pouco de nós mesmos e nem devemos esperar que alguém nos exalte, pois ninguém o fará. Olha, não precisa se preocupar com o que os outros vão pensar, mesmo que o que você faça não faça sentido. - Ele levantou minha cabeça que estava recostada em seu ombro e disse olhando nos meus olhos - Você perdeu sua amiga na morte, Jessy. Isso é um fato. Nada do que você faça precisa fazer sentido pros outros agora. Sei que você vai superar isso tudo, fica tranquila. Eu só queria ter estado com você quando aconteceu... do seu lado."

Sorri sem graça mas com lágrimas nos olhos.

"Desculpa, Derik." - Disse eu sem graça já não conseguindo desfarçar o choro.

"Não precisa me pedir desculpas lindinha. Pode chorar, pode desabafar, o Derik tá aqui agora." - Disse ele colocando minha cabeça novamente sobre seus ombros.

Me recolhi nos seus braços e deixei sair algumas coisas que estavam me machucando por dentro.

"Sabe, Derik. Quando eu lembro de tudo. Quando eu lembro de todo o acontecido. Não consigo pensar no acidente, nos meus machucados, no susto... Não consigo. Só penso na Ashy. Fico tentando lembrar da última vez que olhei pra ela. Tento pensar o que estariamos fazendo agora se ela tivesse vivido. - Comecei a chorar mais e cada vez falava mais do fundo do coração  - Sabe, acho que a última vez que olhei pra ela, nos olhos dela, foi em casa. Só em casa. Depois no carro, não olhei pra minha amiga, Derik. - Tudo isso me machucava muito e eu não conseguia parar de chorar - Como a gente só da valor a pequenas coisas depois que as perde?! Eu queria ter olhado mais pra ela, Derik. Ai meu Deus, ela só tinha 17 anos. Ela tinha uma vida inteira. Isso não é justo. - Consegui conter um pouco as lágrimas mas ainda estava chorosa - É impressionante como mesmo depois de crescer com ela eu vejo que ainda teriamos muito pra conversar. Queria poder vê-la de novo Derik. Dar um abraço nela. - Nesse momento acho que Derik deixou cair algumas lágrimas mas não tenho certeza. - Queria olhar pra ela de novo. como eu queria. Saber dos sentimentos dela. Falar que ela estava escolhendo o cara errado de novo. Falar que não era certo ela humilhar as calouras ou obrigá-las a fazer cosias pra gente. Ai Derik... da uma saudade. Uma saudade que machuca muito meu coração. Me lembro de quando cozinhavamos juntas. Era tão engraçado, tão divertido. As veses eu ia pra casa dela só para fazer nossos 'Croissants' e passavamos a tarde toda comendo, mesmo não ficando tão bom. Tenho saudade de eu falando pra ela que não precisava de tanto trigo pra folhar a massa e ela nem me dava bola. Ela era tão independente de tudo, tão sabida. Mas eu dependia muito dela. Eu precisava muito dela. Eramos as melhores amigas de todo o mundo. Ela me completava mais do que qualquer outra coisa. - Derik não parava de me fazer carinho e me abraçava muito forte - Me lembro quando brigavamos, o quanto eu ficava mal até fazermos as pazes de novo. As vezes penso que se a Ashy tivesse morrido em um momento que estivessemos mal uma com a outra eu nunca iria me perdoar. Se eu pudesse tê-la de novo eu nunca mais iria brigar com ela. Nunca mais. Sinto falta dela Derik. Sinto muita."

Eu chorava muito e cada vez sentia mais forte o abraço do Derik. Embora muitas pessoas falassem naquele local, pairou um enorme silêncio entre eu e Derik, um silêncio tão forte que poderiamos até saber o que o outro estava pensando. E percebendo meu momento de fragilidade, Derik disse:
"Quer que eu te leve pra casa?" - Eu realmente estava desconfortavel sentada ali, chorando como uma louca desesperada e todo mundo olhando pra mim.

"Quero sim." - Respondi ainda fragilizada.

Saimos da sorveteria e caminhamos juntos, abraçados, por toda West Village, até chegar em casa. Derik estava muito carinhoso comigo. Me sentia segura perto dele.

Chegando em casa, eu subi pro quarto e Derik foi pedir um copo com água pra minha mãe. Quando cheguei lá em cima deitei na minha cama com vontade de explodir. Acho que nada poderia curar o que eu sentia, só ter a Ashy de novo.

Depois me lembrei de uma caixa de fotos nossas, da nossa infância. Estava na porta de cima do armário. Que alegria me bateu ao lembrar das fotos. Eu tinha que vê-las. Subi na cama, coloquei um pé na gaveta de baixo do armário e me estiquei toda pra tentar alcançar a porta lá em cima. Era uma cena muito engraçada, ainda bem que não tinha ninguám perto com uma câmera pra registrar.
Eu estava quase lá, quase lá. Ja tinha conseguido abrir a porta, agora eu só precisava pegar a caixa. Estiquei todos os meus dedinhos, todos eles, todos os musculos do meu corpo, até conseguir tocar na caixa. Eu estava mais parecendo uma trapezista, toda esticada lá em cima. A última coisa que eu queria era que o Derik chegasse e me visse daquele jeito. E eu estava quase lá, quase lá...

"Jessy?" - Impressionte como certas cosias acontecem justamente do jeito que agente não queria que acontecesse. Pois é, junto com a minha moral eu também estava caindo com o susto que o Derik me deu.
Agora, diga-se de passagem, a respeito da minha moral eu não sei, mas pra minha sorte, Derik estava lá em baixo pra não me daixar cair, ou ao menos tentar né.

Quando caí consegui puxar a caixa com as fotos, mas caíram todas em cima de mim e do Derik. Ah, sim, esqueci desse detalhe. Eu caí no colo dele. Pois é, fiquei sem palavras olhando pra ele. Ai foi ele quem falou:

"Ei, você tá bem? Se machucou?" - Eu estava realmente sem palavras. Fiquei igual uma idiota lá parada no colo dele com ele sentado na cama com um monte de fotos espalhadas pelo quarto.

"Ah, sim. To bem, to bem. Obrigado." - Me recompus.

"Ainda te faço perder o equilibrio... bom saber." - Impressionante como o jeito convencido dele sempre me fazia rir.

"Bom... odeio estragar suas conclusoes mas acho que o fato de eu estar me equilibrando na ponta dos dedos em cima de uma gaveta teve mais a ver com a minha queda do que o seu sorriso charmoso Derik."

"Não precisa inventar desculpas. Sei que mecho com você." - Ele deu aquele sorrisinho irresistivel. Eu tinha uma resposta na ponta da língua mas as veses o melhor a fazer é deixar eles pensarem que estão com tudo.

Derik me ajudou a pegar as fotos que estavam espalhadas pelo chão, depois sentamos juntos na cama. Comecei a olhá-las, era ótima a sensaçao nostálgica que aquelas fotos me davam, a saudade, a Ashy, momentos com o Derik. Eu estava muito feliz. Mas as lembranças alegres juntas com o presente triste me faziam sentir confusa também. Mas, enfim, naquele momento eu estava bem.

"Hey, olha essa foto. Me lembro desse dia. Foi muito divertido!" - Derik achou uma foto nossa numa roda gigante muito iluminada.

"Ah, eu me lembro! Foi no dia que eu te apresentei as meninas. A Ashy odiou você no início."

"Conquistei ela fácil. Ninguém resiste ao meu jeitinho encantador." - Derik era o único menino que mesmo soberbo fazia parecer a coisa mais charmosa do mundo ser tão narcisista. Algo quase inexplicável. Não vou mentir, tudo que ele falava era verdade. Ninguém resistia mesmo a ele. Aquele cabelo loiro e sorriso perfeito eram hipnotisantes.

"E esse dia aqui, você se lembra?" - Mostrei a ele uma outra foto nossa juntos.

"Claro que lembro! Foi num feriado de 4 de julho. Você estava linda nesse dia. Bons tempos heim."

"Como assim, bons tempos? Quis dizer que agora estou feia, é?" - Perguntei presumindo sua resposta.

"Não minha linda, você nunca vai ser feia. Você é demais, você sabe disso." - O sorriso dele era devastador, impressionante.

"Ai ai Derik - Sorri sem graça - Mas eram bons tempos mesmo. Você me divertia bastante." - Relembrei sorrindo ao olhar pra foto de nós dois abraçados, em meio a explosão de fogos logo ao fundo.

Vocês já repararam o poder que as nossas fotos antigas tem sobre nós? Se nos concentrarmos em algumas é como se voltassemos até aquele momento. Conseguimos nos lembrar das vozes, dos sorrisos, dos cheiros, dos sabores, de cada segundo que passamos até aquela imagem ser congelada para sempre. Algumas pessoas dizem que quando tiramos uma fotografia, naquele milésimo de segundo, é como se o mundo inteiro congelasse e naquele instante de tempo podessemos ter uma ideia do que é eternidade.  Tenho que adimitir que olhando aquelas fotos era como se eu tivesse recuperado uma parte minha, uma parte que estava fazendo muita falta e que que eu havia esquecido que permanecia eternamente em mim.

"Uauu, Quem rasgou essa foto devia estar com muita raiva, heim. Quem era a outra pessoa na foto?" - Derik me entregou metade de uma fotografia um pouco amassada, e pela metade, onde apareço sorrindo e com o braço esticado como se estivesse abraçando alguém.

"Meu Deus! Eu ja tinha até me esquecido dessa foto! Era a Ashy! Claro que era a Ashy!" - Falei segurando a foto e a analisando. Fiquei feliz e surpresa por ter a reencontrado.

"Quem rasgou a foto?" - Derik perguntou interessado.

"A Ashy. Essa fotografia era muito importante pra nós duas, tinha um valor especial sabe?" - Respondi ainda segurando a foto, passando os dedos pelo lado rasgado tentando me lembrar do sorriso da Ashy na outra metade.

"Se era especial por quê ela rasgou?" - Derik perguntou ainda mais interessado. Era tão bonito quanto curioso.

"Em uma de nossa brigas, que eram poucas, a Ashy ficou muito irritada comigo e rasgou a foto levando a outra metade com ela." - Havia uma história, um tanto, sigilosa por trás dessa foto, então respondi torcendo para o Derik ficar satisfeito e mudar de assunto.

"O que fazia essa foto ser tão especial pra vocês? Sabe... vocês tem tantas fotos juntas, por que essa era diferente?" - Ele não ficou... De novo. Já devia esperar, ele estava realmente interessado na fotografia, olhava intrigado pra mim enquanto falava.

"Ah, não é nada. Esquece. Olha, tá ficando tarde e eu to um pouco cansada, vou tomar um banho e arrumar minhas coisas para a viagem." - Inventei uma desculpa, confiava no Derik mas eu e a Ashy juramos que nunca contariamos para ninguém sobre essa foto.

"Hum... tudo bem. Eu falo com você amanhã, antes de ir. Tenho uma surpresa." - Ele não ficou nem um pouco satisfeito com a mudança repentina de assunto e eu sabia que ele não esqueceria aquela foto tão fácil.

Derik se ofereceu pra arrumar o quarto junto comigo mas eu realmente queria ficar sozinha com aquela foto e principalmente não queria o Derik questionando sobre ela.
Levei ele até a porta e num é que aquele safadinho tentou me dar um beijo. Esquivei um pouco com o corpo pra tras:
"Até amanha Derik." - Não sei se eu estava fazendo doce ou se realmente não queria que acontecesse, só sei que aconteceu assim.

"Tudo bem, Jessy, eu sou paciente." - Que sorriso era aquele, meu Deus - "E, apropósito, se quiser conversar sobre a foto..."

"Valeu, Derik, mas pode deixar que eu to bem." - Ele era curioso e insistente.

"Tudo bem então. Até." - Disse ele com aquele sorriso maravilhoso e perfeito de novo. É sério, era viciante.

domingo, 20 de junho de 2010

Parte 2 - "Uma modelo nata!"


"Ai meninas, vocês acreditam mesmo que eu estou indo para uma sessão de fotos com o Taylor Launter?! Vocês já repararam no corpinho lindo e sarado dele?! OMG! Vou surtar!" - Perguntei as meninas, não conseguindo acreditar, enquanto esperava o Barry terminar de resolver alguns assuntos burocráticos com minha mãe.

"Lógico Jessy! Cai na real! Você já fez essa pergunta um zilhão de vezes!" - A Nat falou enquanto me sacudia pelos ombros para ver se eu parava de achar que aquilo era um sonho.

"Sempre soubemos do seu potencial amiga, só tava faltando aparecer a oportunidade certa. Você vai se sair bem, relaxa." - A Jenny deu um sorriso tentando me acalmar mas nada me tranquilizava. Eu  estava sentindo um furacão rodando dentro de mim.

"Vamos querida? Os flashs te esperam!" - Barry se aproximou "desfilando" como sempre faz.

Fechei os olhos, respirei fundo e os abri novamente só pra conferir mais uma vez se eu não estava sonhando. É, era mesmo verdade. Meu sonho finalmente estava se realizando.

"Tem certeza que está tudo bem mãe? Eu fico se você achar melhor." - Falei segurando nas mãos da minha mãe.

"Vai querida. Esse é o seu sonho. Não vou mais impedir que ele se realize. Sempre acreditei em você e tenho certeza que me trará mais orgulho do que sempre touxe." - Minha mãe falou enquanto passava a mão no meu cabelo e tentava conter as lágrimas.

"Oh mãe! Eu te amo!" - Abracei minha mãe bem forte enquanto chorava em seus ombros.

"Jessy, não quero estragar o momento e eu to até emocionado, mas vamos nos atrasar se não formos agora." - Barry disse enquanto chorava e olhava as horas em seu escandoloso Rolex.

Sequei as lágrimas que ainda desciam pelo meu rosto, peguei a bolsa e fui para o carro. Quando ia fechando a porta, Jenny me impediu.

"Hey garota! Você tá achando que vai curtir a fama sem a gente?!" - Ela falou já me empurrando pro canto pra que todas sentassem ao meu lado.

"O Barry deixou vocês irem também? Não acredito. Que demais meninas! Esse dia não tem mais como ficar melhor!" - Disse abraçando todas as quatro.

Eu estava muito feliz. Como nunca antes.

Sabe o que eu falei sobre o dia não ter mais como melhorar? Eu estava completamente errada!

Chegando nos camarins dei de cara com ninguém mais ninguém menos que Kirsten Stewart! Acho que ia rolar alguma sessão de fotos do Crepúsculo depois. Não quiseram me informar. Na verdade lá ninguém informa nada. Ninguém nem fala com você, é horrível. No máximo alguém esbarra em você. Todo mundo vive na maior correria e quando você vê você tá correndo também. E parece que ninguém sabe, na verdade, porque esta correndo. Eu até queria dar uma andada, pra tentar ver o Robert Pattinson, mas estava muito, muito apressada. Pra que mesmo?

"Jessy Gray né? Direto pra maquiagem! Estamos atrasados filhinha!" - Um homem com uma calça hiper justa e uma camisetinha rosa parou na minha frente com uma prancheta e saiu me arrastando antes mesmo que eu pudesse confirmar se era ou não Jessy Gray.

Vocês não tem noção do que era aquela bancada de maquiagens! Era tipo P-E-R-F-E-I-T-A!!! Queria ficar ali o resto da minha vida! A Jenny, que quase não é atirada né, pegou um blush da MAC e já  ia passando quando a maquiadora olhou pra ela com um olhar fumegante, aí ela preferiu largar o blush e ir comer alguma coisa. rsrs


"I gotta a feeling... Ooh Ooh... That tonight's gonna be a good night. That tonight's gonna be a..." - Meu celular tocou na minha bolsa.


"Não pode atender agora. Estamos atrasadas. Você tem que estar pronta em 15 minutos!" - A maquiadora ao meu lado falou inexpressiva como todos dentro da sala. Eu já estava começando a me sentir como a Alice no filme quando ela encontra o Coelho Branco “Oh puxa! Oh puxa! Eu devo estar muito atrasado!” Sempre atrasados...
Olhei no celular, era o John. Fiz uma anotação mental para lembrar de ligar para ele depois que a sessão terminasse.

"Querida, se apresse! Você está atrasadíssima! Deixe-me ver como está ficando sua maquiagem... Divína! Esses produtos fazem milagre realmente!" - O camisetinha rosa falou observando cuidadosamente meu rosto. O que ele quis dizer com "Esses produtos fazem milagre"? Ele disse que sou feia?! como assim?!
Meus pensamentos foram interrompidos quando ele saiu me puxando pelo pulso novamente, agora para trocar de roupa.

A sala com as roupas era um sonho! Encontrei as meninas lá novamente.

"Jessy! Você está linda! Que maquiagem perfeita! E esse cabelo? O Taylor vai se apaixonar por você durante a sessão!" - A Jenny, sempre exagerada, disse alto indo ao meu encontro.

"Você acha mesmo? To parecida com uma modelo famosa?" - Perguntei me analisando minuciosamente no espelho. O camisetinha rosa tinha razão, essa maquiagem faz mesmo milagre!

Meu celular tocou novamente e era o John outra vez. Peguei para atender mas uma mulher alta me impediu.

"As roupas não vão te vestir sozinhas fofinha. Melhor fofocar no celular outra hora."

Sorri sem graça, guardei o celular e entreguei minha bolsa à Jenny. Segui a mulher até as roupas que eu deveria vestir e me troquei o mais rápido possível pra não levar bronca de novo.
Depois de pronta, tenho de admitir, eu estava realmente parecida com uma modelo. Eu estava muito feliz. A Ashy ficaria orgulhosa.
Dalí fui direto para as fotos. Aquela altona era arrogante até quando não falava nada.
Quando vi o Taylor me conti para não agir que nem uma fã maluca e tentei parecer o mais séria e profissional possível. Ele foi super simpático durante toda a sessão e me deu várias dicas ótimas, mas infelizmente ele não quis me contar o final da saga Crepúsculo (eu sei que já tem nos livros mas filme é sempre diferente), disse que estragaria a emoção de descobrir assistindo. De qualquer forma, eu adorei ter conhecido ele e com certeza vou guardar o autógrafo que ele me deu pra sempre!
A sessão durou quase a noite inteira e quando terminou eu estava morrendo de fome. Peguei minha bolsa e quando olhei meu celular tinham 12 ligações do John. Prometi a mim mesma que ligaria assim que terminasse de comer alguma coisa. Encontrei as meninas e fomos até um bar que havia naquele mesmo andar do prédio onde tinha feito a sessão. Assim que terminei fui ver como ficaram as fotos e acabei me esquecendo de ligar para o John. Não me preocupei muito, tinha certeza que ele entenderia quando contasse o motivo de não ter o atendido.
O Barry amou as foto e disse que tinha certeza que não se arrependeria de ter me chamado, ele disse que eu era uma modelo nata! As meninas também adoraram as fotos e eu mais ainda! Estava super feliz e louca para contar tudo ao John!
Depois liguei pra minha mãe mandar a limousine vir me pegar. Tudo aconteceu tão rápido que não tive tempo de contar nada ao John, mas quando chegasse em casa ia ligar pra ele, com certeza. Não tinha dúvidas que ele ficaria muito feliz por mim, ele sabia o quanto eu sonhava em ser modelo.

Quando a limousine chegou eu e as meninas nos despedimos do Barry e fomos embora. Deixamos cada uma em suas casas e eu fui pra minha.
Estava morta e precisava urgentemente dormir. Contei cada detalhe a minha mãe enquanto comia os biscoitos de chocolate que ela havia feito para comemorar - adoro os biscoitos que ela faz - Em seguida tomei um banho e quando bati na cama dormi no mesmo instante. Tava eu indo dormir as tres horas da manha de novo. Eu odeio dormir essa hora. Na verdade, acho que nunca dormi dois dias seguidos as três horas da manhã. Mudanças de rotinas são assim. Mas, quer saber, mudar é bom! Ou melhor, é relativo. Enfim, minha rotina com certeza mudaria a partir daquele dia. Mudaria até mais do que eu esperava. E realmente mudou. Mudou de uma fotma tão intensa que nem gosto de lembrar.

Sabe, vou confessar uma coisa pra vocês. Todas as noites eu chorava. E chorei por anos. Sem excessão. E nessa época fazia cerca de uma semana que a Ashy havia me deixado. E mesmo depois de anos eu tentava fingir que não tinha acontecido. Principalmente nesse início. Não quero que pensem que eu era insensível por ir a festas, seguir minha carreira de modelo, me apaixonar pelo irmão dela e etc... É que perder alguém na morte não é uma coisa que a gente está acostumado, nem muito menos preparado. E leva tempo pra se adaptar. Então se eu agia assim é porque eu simplesmente não sabia como agir. Mas minha vida seguia. E nessa época, meu sentimento pelo John aumentava cada vez mais.

Pela manhã minha mãe me acordou dizendo que eu tinha uma visita especial. Não acreditei. Tava num soninho tão gostoso. Pensando no John.

"Quem é mãe?" - Perguntei ainda meio tonta.

"Desce que você vai saber. Acho que você vai gostar."

Minha mãe estava com uma estranha diversão no olhar.

"Quando você namorar de novo por favor avise sua mãe, viu? Não é porque você cresceu que vai deixar de ser meu bebê." - Minha mãe acrescentou, sorrindo, quando saia do quarto.

(Ai meu Deus deve ser o John, como minha mãe sabe que estamos nos gostando?) - Pensava eu enquanto estava ansiosa pra matar minhas saudades.

Nem mudei de roupa. Estava com uma camisola vermelha, muito curta por sinal. Fui encontrar com ele. Estava tão nervosa quanto asiosa. Desci as escada e...

- Dérik?

- Jessy!

- Ai meu Deus, não acredito.

- Ei, vai ficar ai parada? Me dá um abraço logo.

Corri até ele e o abracei forte. Não acreditei que era ele. Estava muito feliz, e confusa, e espantada. Mas muito feliz.

Oops... Desculpem. Vou explicar.

Dérik era meu ex-namorado. Fazia mais ou menos um ano que eu não o via. Ele morava aqui em Nova York. Mas seu pai sofria de uma doença himunológica e estava muito mal de saúde. Daí ele e sua família foram morar na Carolina do Norte, onde o pai dele respiraria um ar mais puro e se recuperaria mais rápido. Nós eramos, além de namorados, grandes amigos. Mas desde que ele se foi nunca mais nos vimos. Apenas trocamos cartas. O sinal do celular onde ele morava dificilmente pegava e internet tambem era uma coisa complicada. Fazia dois anos e ele ainda estava a mesma coisa. Com aquele sorriso grande, os mesmos olhos clarinhos que me cativavam e aquele rosto angelical tão lindinho que ele tinha.

- Ai meu Deus Dérik, quanto tempo! - Falava eu ainda um tanto surpresa.

- É faz um tempinho sim né.

- Tempinho nada. Faz muito tempo. Meu Deus. Como está seu pai, sua mãe?

- Estão bem. Meu pai esta praticamente curado. E minha mãe tá bem, como sempre.

Eu e Dérik paramos de nos mandar cartas com o tempo. Continuamos seguindo nossas vidas normalmente.

- Quer sentar? Vou pedir pra trazerem alguns biscoitos.

- Claro. - Ele me olhava como se quisesse me conquistar outra vez. Mas mal sabia que o John chegou primeiro. Mas aceitei conversar com ele, afinal era um grande amigo que fez uma parte importante na minha vida.

Depois de falar a empregada que trouxesse um café com biscoitos voltei a sala e disse:

- Acho que é melhor eu colocar uma coisa menos indescente pra te receber melhor não acha?

- Não, que isso. Você esta linda assim. Por mim não tem problema. - Que safadinho. Sorri na hora, e até gostei do elogio.

- Ok. Então tá. - Ainda me sentia muito a vontade com ele.

Após sentar ficamos nos olhando, pensando o quanto aquela situação era estranha.

- Uau... Nem acredito. - Disse eu - Me conta o que te fez voltar!

- Bom, além de você, a independência. - Sorri.

- Como assim?

- Bom, eu fiz 20 anos mês passado e achei que talvez fosse hora de morar sozinho. Meus pais me apoiaram e que lugar poderia ser melhor que Nova York, o lugar onde eu cresci. Então vim ver o estado da nossa antiga casa. Talvez eu more lá de novo.

Conversamos por um bom tempo. contei todasa as últimas novidades. As boas, as ruins. Até dar a hora de ele ir embora. O conduzi até a porta.

- Bom, então até mais né.

- Isso até mais. Algo me diz que nos veremos muito.

- Vê se não some de novo ok? - Disse sorrindo.

Quando nos abraçamos ele me levantou como sempre fazia e eu comecei a rir como eu sempre fazia. Depois ele me colocou no chão, eu ainda estava sorrindo quando vi que John estava logo ali atrás nos observando com uma cara de "poucos amigos".

- John? - Disse eu um tanto espantada e também constrangida.

- Jessy? - Disse John num tom ironico.

- E ai John? - Disse Dérik mais ironico ainda.

Notando o elevado tom ironia pairando no ambiente tentei apasiguar a situação:

- hum, por favor Derik...

- E ai Derik? - John me interrompeu.

- Quem é ele? - Derik virou e me perguntou baixo.

- Acho que eu que devia fazer essa pergunta, não? -  John tinha ouvido.

- Ok, rapazes. Parem com isso por favor. Derik deopis nos falamos.

- Tá certo. Dessa vez não vou sumir, prometo. - A cada palavra que o Derik dizia mais constrangida ele em deixava - Tchau Jessy... Tchau John! - Ai, como ele era implicante.

- Ele não é seu primo né? Porque eu com certeza não vou engolir essa desculpa pro abraço. - John, ironico de novo.

- Não John, não é meu primo. É complicado.

- Bom, ele não é seu parente e pelo que eu vi também não me pareceu gay, então... - John falava como se estivesse num interrogatório policial.

- John você está desconfiando de mim? - Falei indignada.

- De modo algum mas as trinta ligações não atendidas de ontem me deixaram um tanto confuso e... ah, não foi muito legal ver você no colo desse cara agora também não. Não sei, não foi uma coisa que me deixou feliz, sabe? - John começou a falar de modo insunuativo.

- John eu não estava no colo dele, por favor. - dizia eu tentando acalmá-lo mas devo adimitir que já estava ficando com raiva.

- Ah sim, então vamos perguntar a ele, pelo que eu pude ver ele "não vai sumir dessa vez" não é? - Quanta petulância.

Ficamos nos olhando uns segundos e daí a luta começou a ser disputada por dois:

- Desculpe John, eu Acho que não te devo satisfações.

- Ah é? Você não deve mesmo.

- É, eu não devo. Nunca deví.

- Não acredito que esta falando isso. Você tá negando o que sente por mim.

- Como você pode dizer uma coisa dessas? - Falei a caminho da escada pra ir para o meu quarto e ele veio atrás. Continuei falando - Você não sabe o que eu sinto, na verdade você não passa de um pirralho. Um pirralho crescido mas que ainda pensa como criança.

- Olha eu não acho que eu penso como criança não. Na verdade, tudo que aconteceu me mostrou quem é a verdadeira criança aqui.

- John, pela milésima vez, nada aconteceu! - Já estava no meu quarto, John me puxou pelo braço me fazendo parar de andar.

- Aconteceu sim. Te liguei ontem o dia todo e você ficou me evitando e hoje quando vim conversar com você vi você se esfregando naquele cara. Acho que aconteceu alguma coisa sim. - Eu podia ver a raiva nos olhos dele.

- Não John. Ontem eu fiz um ensaio fotográfico. Ontem eu iniciei a minha carreira de modelo. Eu ia te contar mas não deu tempo, tudo aconteceu muito rápido e eu pensei que você fosse entender. Realmente pensei. Meu agente me convidou pra ir a Europa John, é tudo que eu sempre quis. Poderei fazer minha carreira internacional. E o Derik... Quer saber, eu realmente não te devo satisfações. - Eu já estava chorando - Eu nunca gostei desse sentimento que eu estava tendo por você. Eu sempre te odiei John. Sempre. - Enxuguei as lágrimas do rosto e continuei - Bom, acho que já estamos conversados. Antes de ir pra Europa depois de amanhã eu queria perguntar o que você achava. Ou se você iria comigo. Mas quer saber, não me importo mais e parece que você não se importa também, foi idiotice minha achar que você ficaria feliz por eu estar realizando meu sonho. Só mais uma coisa: Minha carreira é mais importante que você. É muito mais importante que você. - Acho que nunca havia sentido tanta raiva de alguém antes.

Depois de uns segundos de silêncio John disse:

- Acho que você não é o que eu pensava. - Nunca me esquecerei da expressão de nojo que ele fez nesse momento.

Após ter dito isso John saiu porta a fora me deixando pior do que nunca. Um vazio gigante permanecia dentro de mim e me tomava de um jeito que eu nunca tinha sentido. Certas vezes na vida devemos pensar duas vezes nas palavras que usamos. Elas fazem muita diferença. O orgulho acompanha a tristeza e a solidão. A raiva é covarde. Fala as piores coisas dos piores modos e é você que sofre as consequências. Mas independente disso, naquele instante minha vida seria minha profissão e eu teria que ter certeza disso e não me deixaria abalar por nada. Na vida a gente aprende que mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Aplicando esse ditado na minha vida, naquele momento, mas valia minha carreira na mão e deixar meus sentimentos voando do que me entregar numa relação de dois mundos completamente diferentes. Nem tudo é perfeito. Ninguém disse que seria.

E o coelho passaria a sair da toca pra encontrar o mundo da moda. A pergunta é: Será que um pobre coelhinho branco como eu conseguiria cenoura pra se alimentar?

Alguns erros são definitivos.

domingo, 13 de junho de 2010

  - Capítulo 4 -

NOvA yORk FaShiOn wEek


Parte 1: Três desejos


"Querido diário, hoje é 07 de agosto de 2009...

   Já são 2 horas da manhã, acabei de chegar da festa e mais uma vez estou aqui, apreensiva, confusa, com vontade de gritar, louca pra desabafar, e sem a Ashy. De novo. Bom... da última vez escrevi uma carta pra ela e deu certo, vou tentar de novo.

   'Oi Ashy! É difícil fazer qualquer coisa quando não ouço seus conselhos, eles eram realmente muito importantes na minha vida. Então, ultimamente as coisas estão muito estranhas por aqui. Sabe o seu irmão? Pois é, ele tá me deixando extremamente confusa! Tenho passado bastante tempo com ele e quando não estou com ele estou pensando nele. Parece mentira né? Eu sei... Rsrs
   Algumas vezes ele é simplesmente incrível! Doce, divertido, carinhoso... aí você já pode imaginar, sabe que adoro meninos que me façam rir e ele faz isso com bastante facilidade. Nesses dias cheguei a cogitar a possibilidade de estar me apaixonando por ele. Sei que soa meio surreal levando em consideração a nossa relação quando crianças, mas ele realmente parece ter mudado. Entretando, como tudo que é bom dura pouco, em alguns momentos ele se transforma. Esquece de toda a mudança e volta a ser o garotinho irritante de anos atrás. Só não cola mais chiclete no meu cabelo né... bom, pelo menos até agora ele não colou. Rsrs...
   Não sei mais o que pensar. Quando estamos juntos, nos divertindo, é como se o mundo ao nosso redor parasse e eu só conseguisse enxergar aquele sorriso perfeito e cabelo despenteado que eu adoro. E quando ele olha nos meus olhos então... nossa, é como se eu saísse do meu corpo por alguns instantes e viajasse para alguma outra dimensão. Um lugar perfeito.
   Ah! Mudando de assunto, amiga. Lembra das super festas na casa do francês Mauríce? Rolou uma e eu fui com o John. A gente tava dançando e estava tudo perfeito! Os nossos passos sincronizados, os braços dele na minha cintura, e eu toda arrepiada e cada vez mais caidinha por ele, não podia ficar melhor! Mas... aquele francesinho com sotaque irritante atrapalhou tudo! Rsrs... Queria que você estivesse lá, amiga. Tenho certeza que só daria a gente na festa! Rsrs...
   Ai Ashy! O que eu faço?! Eu não sei se to mesmo apaixonada pelo John, nem sei se isso é possível. Não sei se ele sente o mesmo por mim. Não sei mais de nada!! Preciso de uma daquelas conversas que tinhamos a noite, sentadas na sua big cama, o som ligado no último volume, tomando sorvete, assistindo Gossip Girl e falando sobre todas as nossas dúvidas e pensamentos malucos. Se alguém ouvisse isso acharia que eramos loucas! Ok, talvez fossemos mesmo... Ok, nós eramos muito loucas. Rsrs...  Como agente podia ser tão perfeitas juntas, heim? Rsrs... Ai ai amiga... Preciso de você Ashy. Sei que o tempo está passando, sei que tenho que superar, mas ainda preciso de você. Tá sendo dificil pra mim não te ter, amiga.
   Seria tão perfeito se eu um dia eu acordasse e visse que tudo isso foi somente um sonho muito ruim e que você ainda esta aqui com seu jeito de me fazer rir e de me dar coragem. Coragem que só você me dava...
   Bom amiga... já tá bem tarde e eu marquei de encontrar as meninas amanhã. Te escrevo de novo, prometo! Te amo Ashley Stwart, a melhor amiga do mundooooo!!! A MINHA melhor amiga. Pra sempre.

PS.: Nossas iniciais ainda estão na árvore velha da mansão do Maurice e parece que o esquilo gigante não aparece por lá a algum tempo."


   Não consegui dormir direito naquela noite. Dormia e acordava várias vezes. Pensava nas coisas. Em tudo. E nada do sono vir. Pela manhã eu estava exausta. Acabei sendo vencida pelo cansaço por volta das 8 horas da manhã. Dormi, dormi e dormi. Só acordei com a Jenny pulando em cima de mim me dizendo que ja eram 5 horas da tarde. Levantei assustada e a Nat disse:

- Não acredito que você foi capaz de dar um bolo nagente, Jessy. E ainda mais pra ficar sonhando com o John! - Todas riram.

Eu, ainda atortoada pelo susto disse:

- Ai meu Deus, meninas, me desculpem. Essa noite não foi das melhores.

- Percebi - Disse Camilly - Você saiu da festa sem nem se despedir.

- Ai me desculpem de novo. É que aquele francesinho me chamou, eu tava com o John... Ai deixa pra lá. Me desculpem por favor.

- Uhmm... É logico que desculpamos, sabemos que você deve ter seus motivos - Disse Jenny - Mas não vamos te perdoar se você não levantar agora pra saber a grande notícia que temos pra você.

- Que notícia? - Perguntei um tanto curiosa.

Jenny me respondeu fazendo ar de mistério e com uma expressão de alegria no sorriso:

- Bom, quando nós chegamos sua mãe disse que já ia te acordar. Tem um tal de Barry Davis lá em baixo, sabe. Disseram que ele é agente de modelos. E como nós estamos na semana da moda, então...

Não acreditei.

- Então o que? - Perguntei já sabendo a resposta mas não querendo acreditar.

- Se arruma logo sua boba, você sabe do que eu to falando!

- Ai meu Deus - Eu estava eufórica. - Não acredito. Mas e minha mãe?

- Ela não demonstrou ter nada contra. - Disse Camilly sorrindo.

- Ai meu Deus, ai meu Deus, meu Deusinho.

- 'Meu Deusinho'? Quem fala 'meu Deusinho'? - Disse Jenny sorrindo.

- Nunca mais fale isso Jessy, pelo bem da sua reputação. - Disse Nat também sorrindo.

Eu olhei pra elas sorrindo e todas nós nos abraçamos. Camilly me apreçou:

- Agora vai logo que ele está te esperando.

- Ai tá bom, tá bom. - Disse eu muito nervosa.

Comecei a me vestir. Enquanto colocava uma calça me lembrei de algo importante e perguntei quase que involuntariamente:

- Ei meninas, e o John? Vocês viram ele na festa? Quando fui embora não me despedi dele também.

- Bom, eu não vi. - Disse Camilly.

- Nem eu.

- Nem eu.

Pedí a Jenny pra me ajudar a prender o sutiã e perguntei:

- Vocês viram ele com alguma outra menina ou algo assim?

Percebi que todas se entreolharam.

- Não Jessy. Só vimos ele com você - Jenny dizia de modo sarcástico - O tempo todo com você.

As meninas riram.

- Não tem nada a ver - Disse eu desconversando - Sempre fomos muito amigos.

Percebi que todas se entreolharam de novo e riram.

coloquei uma T-shirt que gosto e depois de uns instantes de silêncio, disse adimitindo minha indignação com meus sentimentos:

- Eu sempre o odiei. - Me joguei na cama com as mãos no rosto - Preciso manter o foco na minha carreira, não posso me apaixonar agora. O que esta acontecendo comigo?

Depois um breve silêncio, todas começaram gemer me zoando com o John e dizendo enquanto pulavam em cima de mim:

- Ahh, Ta apaixonada. Jessy ta amando!! - Ahh, como eu amo o John, vou escrever no meu diário: John Stwart, John Stwart, John Stwart...- Ele é tão lindo, Ahh... Não consigo mais viver sem ele!! Muah, muah, muah...

Comecei a rir junto com elas em meio a minha vida confusa e descontrolada.

- Tá certo, agora vamos descer logo que o mundo Fashion das passarelas me aguarda.- Disse eu na minha melhor pose modelo iniciante.

Chegando lá em baixo me deparei com minha mãe e o Barry sentados na sala de estar.

- Olá mãe. Barry! Que prazer em vê-lo.

- Bom dia Jessica. - Disse minha mãe sorrindo.

- Nossa modelo merece descanso, afinal não pretendo poupá-la de trabalhos. - Disse Barry.

- As meninas me falaram alguma coisa mas eu acho que não entendi muito bem, elas estavam pulando em cima de mim enquanto falavam. - Disse eu, e as meninas riram.

- Barry conversou comigo a respeito da próxima semana. Disse que terá um grande evento aqui em Nova York. - Disse minha mãe.

- Pois é Jessy. O mundo da moda se voltará inteiro essa semana pra Nova York. E como sempre renovei minhas propostas pra sua mãe de lhe fazer uma de minhas modelos. A diferença é que dessa vez ela aceitou. - Disse Barry, pulando de alegria, enquanto dava muita "pinta", como sempre deu.

   Eu estava explodindo de alegria por dentro de ouvir aquilo tudo. Olhei pra minha mãe e ela acentiu com a cabeça. Minha alegria era imensa e eu sabia que meus sonhos estavam se realizando. Mas uma coisa me impedia no fundo do meu coração.

- Não sei Barry.

- Como assim Jessy, esse sempre foi seu sonho. - Disse Jenny sem entender minha dúvida.

- É verdade filha - Disse minha mãe - Seu sonho que por anos eu sei que não pode se realizar.

Minha mãe estava quase chorando. E eu não podia deixá-la pra seguir minha carreira.

- Mas mãe, eu não posso.

Ninguém estava entendendo muito bem. Mas aquela conversa realmente era somente para eu e minha mãe entender.

- Acho que dssa vez você não terá problemas filha. Te dou a minha palavra.

   Como eu queria abraçar minha mãe. E como nada me impedia foi o que eu fiz. Dei um abraço muito apertado nela e chorei em seus ombros. Foi um momento muito emocionante pra nós duas.
Após uns segundos Barry se expressou em meio a situação um tanto constrangedora que eles haviam ficado:

- Mas e então Jessy. O que vai ser?

Terminado nosso longo abraço eu olhei pra minha mãe e ela acentiu mais uma vez com a cabeça. Virei pro Barry respirei fundo para exterminar os restilhos do meu choro e disse:

- Acho que você encontrou sua modelo Barry.

Ele me abraçou e todos ficamos muito felizes.

Depois de uns minutos Barry disse:

- Bom Jessy, falando à você agora como minha modelo, lhe realizarei três desejos.

- Três desejos? - Questionei sem entender.

- Sim. Ensaio fotográfico hoje com Taylor Lautner. Desfile depois de amanhã com as maiores marcas e grifes de roupas de Nova York e viagem pra Inglaterra pra desfilar no Mercedes-Benz Fashion Week com as maiores top models da atualidade! E ai o que você me diz?

- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh...!!! - Gritei. Gritei muito. Rsrs... E todas as meninas gritaram comigo. Era tudo demais. Era o sonho de qualquer garota. Estaria com Gisele Bundchen , Miranda Kerr, Adriana Lima, Doutzen Kroes e todas elas. As melhores. Meu Deus quanta alegria. Desfilar em nova York, todos meus conhecidos me veriam, seria demais. E o Ensaio fotografico, que lindo. E o Taylor é tão perfeito. Ai... Não podia ser verdade. Não podia estar acontecendo.

- Pois é Jessy Gray. Eu sou o seu gênio da lâmpada. Você é meu amo. E eu realizarei seus desejos. Que me diz?

- Ai Barry. Eu nem sei o que dizer. Prometo que farei o melhor. Darei o melhor de mim.

   Minha mãe e as meninas estavam muito felizes por mim. E eu estava eufórica.

   Minha vida mudaria completamente. Eu eu acho que queria isso. Queria mudar. Queria viver. Mas talvez eu não entendesse o que eu queria. Minha vida estava tão confusa. Será que as passrelas poderiam ser apenas uma fuga pra isso tudo? E seria correto fugir? Será que não descobriria o motivo?
   Bom, na verdade nem pensei muito nisso. Um dia li uma frase de clarice Lispector que dizia exatamente o que eu senti naquele momento: "Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento". Então eu resolvi VIVER.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Parte 2 – "Ser ou não ser?"


"Rah-rah-ah-ah-ah-ah! Rama-ramama-ah GaGa-ooh-la-la! Want your bad romance..."

Todos dançavam loucamente ao som de Lady Gaga, meninas rebolando na mesa semi nuas enquanto os garotos as devoravam com os olhos.

Ah que saudade dessas festas! Eu e a Ashy virávamos a noite dançando e nos divertindo. Tudo era muito mais prazeroso quando estávamos juntas. Será que um dia vou superar tudo isso?

"Hey Jessy! Vem cá com a gente! Quero te mostrar uma coisa!" - Vi Camilly gritando e acenando do outro lado da grande sala.

Segui ela e a Nat até o jardim dos fundos, onde tinha uma grande árvore bem no centro e lá no finalzinho do tronco antigo estava riscado "BFF's" e as nossas iniciais. Me lembro do dia que
fizemos isso. Foi na nossa primeira grande festa nesta casa. A Ashy disse que era um momento incrível demais pra ficar em branco, devíamos colocar nosso nome na história, mas eu sempre fui meio medrosa e só deixei ela colocar as iniciais, porque se alguém visse não saberia que fomos nós.

"Foi nesse dia que a Camilly quebrou aquele vaso Turco lembra?" - A Nat disse sorrindo lembrando-se dos velhos tempos.

"É verdade! Tinha me esquecido! O Sr. Maurice ficou furioso! Tivemos sorte que a Ashy conseguiu amenizar a situação colocando a culpa no tal esquilo gigante que ela disse ter se hospedado na
casa enquanto o Frances estava fora." - A Ashy tinha um dom pra inventar desculpas. Nesse dia eu estava ficando desesperada, quase enfartando, achei que seriamos presas por ter quebrado aquele
vaso, mas a Ashy estava super tranquila e quando um esquilinho fofo apareceu na janela ela teve a grande ideia de colocar a culpa nele. Ou no irmão mais velho dele, sei lá. Só sei que o Frances
engoliu a historia direitinho.
Poucas pessoas pensavam tão rápido e eram tão boa atriz quanto a minha amiga. Nós, seres humanos, temos uma mania incrível - quando nos sentimos ameaçados desenvolvemos diversas formas de solução para o problema em questão. A diferença de um ser humano pra outro é que alguns conseguem escolher as melhores soluções. Acho que pra ser um bom ator é necessário dominar esse fator. Saber atuar é também saber mentir. Mas diferente da minha amiga, as mentiras de atores não são de verdade. Algum de vocês sabe mentir? Rsrs... E o Oscar vai para: Ashley Stwart.

"Então vocês estão aí. Estava te procurando menina, o que estão fazendo aqui fora? A festa tá bombando lá dentro." - John apareceu com um copo de whisky nas mãos.

"Estamos relembrando dos bons momentos que passamos com a Ashy nesta casa." - Falei passando a mão de leve por cima das iniciais entalhadas no tronco da velha árvore.

"Ah... bom... passado é passado né? Vamos curtir a festa?" - Todas as meninas se entreolharam. O John não podia estar dizendo aquilo. Como ele conseguia ser tão doce num momento e tão frio no
outro?

Virei pra ele e esbravejei:

"Você me surpreende John. Na verdade nem devia mais me surpreender, você sempre foi assim." - Eu não queria que fosse assim, não queria brigar com ele, alguma coisa me fazia acreditar que o John
tinha mesmo mudado mas a outra parte de mim, uma parte bem grande, ainda tinha medo de estar errada. Dei as costas e fui direto pro salão principal, dançar é bom pra acalmar os ânimos. Mas John
veio atrás de mim.

"Jessy, vem cá... Desculpa, eu não queria te magoar, sei o quanto você sente falta da Ashy." - John me segurou pelo braço e senti que estava sendo sincero quando pediu desculpas.

"A Ashy é sua irmã! Não entendo como pode ser tão frio."

"Jessy... Por favor... Vamos tentar não pensar nisso hoje. Vamos lá curtir a festa. Não duvide de mim, não me pergunte nada, por favor... por favor. Só não me da as costas assim de novo. Porque
parece que eu vou te perder pra sempre" - Odeio quando o John fala assim, é impossível negar alguma coisa a ele.

"Ok. Você tá certo... Vamos dançar então?" - Talvez eu não entendesse inteiramente, talvez eu não gostasse da situação ou até tivesse vontade de dar as costas e nunca mais olhar pra cara dele.

Mas eu não podia. Eu, absurdamente confiava nele. E meu coração dizia pra eu confiar. Tantas perguntas vinham à mente. De que maneira se convence o coração? De que modo se descobre um
sentimento? Como dizer não quando se quer dizer sim? Ai meu Deus. Será que um sábio me responderia todas essas perguntas? Ou uma pessoa mais velha? Ou um parente? Será que um cientista poderia responder minhas perguntas? Alguém? Sinceramente... Acho que não. Todos nós perguntamos todo o tempo. E são as perguntam que movem o mundo. Até os poetas, que parecem ter as explicações pra
vida, perguntam.

"Será mais nobre; em nosso espírito sofrer pedras e setas; com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja; ou insurgir-nos contra um mar de provações; e em luta pôr-lhes fim?" - O que vocês responderiam pra Shakespeare nessa citação? Pois é... "Ser ou não ser? Eis a questão."

***

Mas deixando versos e poesias de lado, naquela noite eu estava mais interessada mesmo é na musica. Na musica que tocava enquanto eu e John dançávamos como um casal apaixonado. Sempre que vemos um filme lindo, perfeito, romântico, adolescente, pensamos como pode, sempre que o casal vai dançar, tocar a musica mais perfeita do universo? Bom, não sei explicar os filmes, mas sinceramente,
qualquer musica, naquele momento, seria perfeita. John olhava nos meus olhos fixamente e eu não conseguia parar de retrucar o mesmo olhar. Estava perfeito aquilo tudo. Acho que era um momento
que realmente não queria que passasse. Mas lembra daquela historia de que qualquer musica era perfeita naquele momento? Então, Esquece. Eu e John dançávamos apaixonadamente quando começou a tocar o Rock mais pesado que eu já havia ouvido na vida. Que raiva, que raiva que raiva. Jenny, Nat e Camilly chegaram empurrando eu e John e quando me dei conta todo mundo estava empurrando um ao outro e pulando e dançando e... Ai, que droga!! Naquela hora a vontade que tinha de era explodir e acabar com tudo.
Em meio a toda aquela festança eu senti alguém me puxando pelo braço e me guiando no meio de toda aquela gente. Eu sabia que era o John. Ai meu deus, como ele é perfeito, pensava eu. Tantas
pessoas, tantos braços, até que conseguimos sair do meio de todo aquele povo.

"Bonjour Jessy, Pardon vous puxar aqui pra fora, désolé. É que eu tenho feito comme o combinado comprendre? Puis queria saber quelle vous e les meninas pretendem fazer pra me mettre em l'équipe
de basket-ball." - Não podia ser verdade. Enquanto eu me derretia pensando que era o John, perfeito e lindo me puxando pra ficarmos a sós, me aparece aquele francesinho metido a popular.

"Dalton... Então... fica tranquilo. Nos te prometemos não é? Então pronto." - Disse eu ainda um pouco perplexa e tentando sair pela tangente.

"Je sais, mas déjá faz long temps que vous me prometeram et nada." - Seu sotaque era muito gay. Mas até que dava pra entender alguma coisa.

"Dalton, nós ficamos muito abaladas com o que aconteceu com a Ashy. Não conseguimos pensar em mais nada. Nos desculpe, por favor. Prometo que veremos isso logo. Ok?"

"Bien. Merci Jessy. Je vais retornar à la festa. Avec licence." - O francesinho saiu e eu fiquei lá. Quanta raiva. Onde estaria o John? Porque ele não e procurou? Aii... O que será que está
acontecendo comigo? O que meu coração esta querendo me dizer? Será que estou realmente apaixonada por ele? Quantas duvidas, quanta confusão. Era um misto de sentimentos tão grande que comecei a chorar. Que grande festa essa. Talvez a pior de todas? Rs... Não quis nem saber. Sai de lá bem antes da hora que a Cinderela saiu de seu baile. Talvez eu não acreditasse no que eu estava sentido pelo John. Talvez eu não quisesse sentir. Ou talvez eu só estivesse com vontade de ficar sozinha. Independente disso eu sabia que não precisaria deixar sapatinho de cristal nenhum pra que o John me procurasse no dia seguinte. Rs...

sábado, 8 de maio de 2010

- Capítulo 3 -
Sentimento volátil


Parte 1 - "O chá dos Clarks"



"Querido diário, hoje é 06 de agosto de 2009...

   Já tentou odiar tanto uma pessoa que passou a amá-la? Já procurou tão avidamente seus defeitos que encontrou as caracteristicas que te faltavam para se tornar uma pessoa completa? O que sentiu depois disso tudo? ... Não sabe? Pois é, eu também não.

   Meus sentimentos ainda estão muito confusos... consigo ver estrelas mesmo em noites nebulosas, me pego sorrindo à todos os momentos e meu coração dispara só em lembrar do sorriso dele.

   Por que só consigo ser eu mesma quando estou do lado dele? Por que o único momento que sinto ter encontrado meu lugar no mundo é quando estou olhando nos olhos dele? O que são todas essas sensações que tomam conta de mim quando lembro da voz dele chamando meu nome?

   Preciso de respostas. Estou completamente perdida em mim mesma e não sei onde encontro a porta de saída."


"Calma Jessy! É só o John! Até parece que tá indo se encontrar com o Josh Hartnett!" - Disse Jenny sentada na cama enquanto eu experimentava a minha 12ª peça de roupa.

"Eu sei Jenny. Mas tá acontecendo alguma coisa muito estranha comigo ultimamente, sinto umas coisas esquisitas quando estou perto dele e tem um friozinho pra lá de irritante que sinto na barriga toda vez que lembro dele, o que anda acontecendo com bastante frequência nos últimos dias." - Eu disse enquanto me jogava na cama ao seu lado torcendo pra ser engolida pelo colchão e levada até uma outra dimensão ou ao país das maravilhas... qualquer lugar que eu não precisasse mais sentir aquele frio idiota na barriga.

"Vamos Jessy, levanta daí se não você vai se atrasar. Escolhe logo uma roupa qualquer e penteia esse cabelo que tá um horror!" - Jenny sempre foi bastante sincera, as vezes isso é bom mas em alguns casos é péssimo. Me lembro de uma vez em que estavamos todas numa festa e o Petter, o menino de quem a Ashy gostava, se aproximou de nós e a Jenny não foi nada sutil dizendo que deviamos sair porque era a Ashy que estava apaixonada por ele e não nós. A Ashy nunca desejou tanto se afogar num copo de ponche quanto naquele dia.


***

   19h e 30min, marcava no grande relógio na parede do hall de entrada da casa dos Clarks. Mesmo depois do meu surto para escolher uma roupa ainda consegui chegar a tempo. Quer dizer... a tempo da reuniãozinha de adolescentes que sempre acontece após as formalidades chatas do chá da tarde.

"Jessy! Como você cresceu! Olha Mary como a filha dos Gray tá uma moça!" - Disse a Sra. Clark enquanto apertava minhas bochechas. Odeio a forma como os velhinhos sempre apertam nossas bochechas nesses eventos anuais, será que eles pensam que ainda temos 6 anos?! Dei um sorriso delicado e me afastei até o centro do grande salão principal onde tocava uma música instrumental de fundo, a mesma música que eu dançava todo ano com o John quando eramos crianças.

"A senhorita me concede esta dança?" - John apareceu subtamente na minha frente me estendendo sua mão direita como um perfeito cavalheiro.

"Claro Sr. Stwart." - Correspondi a seu gesto na minha melhor pose épica cortês.

"Está com vergonha por estar ao meu lado? Mexo tanto assim com você Srta. Gray?" - Disse John com aquele mesmo sorriso convencido nos lábios depois de ver que minhas bochechas estavam forçadamente vermelhas.

"Johnny, Johnny... você não muda né?" - Respondi pisando de leve no seu pé esquerdo. Ele podia até ser convencido mas me fazia rir bastante.

"Deixa eu adivinhar... Sra. Clark?" - Disse fazendo sua melhor cara de medium.

Acenti com um sorriso enquanto girava por baixo de seu braço e ele segurava delicadamente minha mão.

   Continuamos dançando em silêncio até o fim da música. Depois fomos pegar um copo de refrigerante e ficamos por ali mesmo.

"E então, como anda a Califórnia?" - Perguntei tentando puxar assunto, o silêncio as vezes é desconfortante.

"Ah, sei lá. Prefiro Nova York." - Ele disse enquanto engolia de uma só vez o pequeno canapé que estava sendo servido por garçons extramamente bem vestidos, até confundi um deles com o dono de um dos bancos daqui.

"Por quê?" - Perguntei mais interessada.

"Não sei, me responde você." - Ele respondeu com aquela carinha de sonso e aquele meio sorriso que sempre me tiram do sério.

Senti um arrepio quando ele disse isso. É lógico que nós dois sabiamos a resposta mas nenhum estava pronto pra dizê-la em voz alta.

Depois de alguns minutos ja não encontravamos mais assunto. Pareciamos dois recem namorados falando ao telefone inventando assunto só pra não ter que parar de conversar. Por mim eu ficava ali o resto da noite só olhando ele sorrir, mas fato é fato e aquele era John Stwart. Nós dois persistiamos em postar uma atitude despojada quando na verdade estavamos com as pernas bambas prontas pra desabar.

Até que John conseguia manter o nivel da conversa interessante. Ele falava do céu, das estrelas, assim como de acontecimentos globais e crise economica tambem, eu acho. E, claro, John não perdia a oportunidade de jogar suas cantadas altamente previseis, mas que eu estranhamente amava.

Depois de um tempo, Nat e Camilly chegaram.

"E ai gente... ta tudo certo?" - Disse Nat estranhando a situação.

"Claro" - Respondi subtamente.

John comprimentou as meninas e logo elas se juntaram a gente na tentativa desesperada de encontrar assuntos para poder continuar conversando.

Foi quando Jenny chegou como um Gongo soando e salvando o boxeador de tomar mais diretos e cruzados na cara. Ou salvando agente de tomar mais diretos e cruzados da nossa propria ignorancia incompetente pra desenvolver assuntos.

"Ei Natalie sua mãe e a Sra. Clark estão nos chamando dentro de casa pra tirarmos a foto feminina do ano. E você sabe como sua mãe é chata." - Dizia Jenny enquanto se apoiava nos meus ombros.

"Eiii, só eu que posso dizer isso dela, ouviu?!"

E todas nós saimos rindo, e eu nem pudi olhar pra tras pra ver com que cara John ficou após aquela retirada relâmpago.

"É impressão minha ou tá rolando alguma coisa entre você e o John?" - Camilly me perguntou quando já estavamos em nossas devidas posições, parecendo mais manequins de loja de departamento, para a tal foto feminina.

"Claro que não Camilly! Ele é o John lembra?!" - Mesmo querendo dizer que sim, eu não conseguia. Alguma coisa dentro de mim me impedia de dizer o que sinto por ele.

"Ah Jessy, da um tempo! Ta na cara que você tá caidinha por ele!" - Natalie falou meio entre dentes já que não podia parar de sorrir pra foto.

"Jessy e John sentados numa árvore se beijando..." - Cantarolava Jenny com seu jeitinho "discreto" parecendo uma menininha da 2ª série tentando me provocar.

"Fala sério Jenny! Que coisa mais infantil." - Falei tentando parecer séria mas queria mesmo era rir junto com as outras meninas. A Jenny é sempre hilária.

"Olha querida, o John é um ótimo garoto e é uma gracinha. Homens assim estão difícil hoje em dia minha filha, é melhor parar de escolher e ficar com ele mesmo antes que fique pra titia!" - Até a Sra. Clark já tinha entrado na conversa e o que ela estava pensando quando disse "ficar pra titia"?! 17 anos é uma idade mais do que aceitável para se estar solteira!

Só reparei que o John estava ali me observando depois de todas as meninas, e a Sra. Clark, pararam de citar motivos para eu ficar com ele. Quando o vi ali parado, me olhando, tão lindo, eu corei de vergonha, e desta vez foi realmente por ele e não porque a Sra. Clark apertou minhas bochechas. A quanto tempo será que ele estava ali? O que ele tinha escutado? Será que ouviu a Jenny falando aquelas coisas ridiculas? Não queria que ele soubesse o que sinto por ele, na verdade nem eu sabia, mas estavamos nos dando tão bem que tinha medo que alguma coisa pudesse estragar nossa relação.

FLASH!!!

Pronto. Tiramos a foto. Podiamos parar de sorrir. Mas que estranho! - Pensava eu - Porque Eu não consigo parar de sorrir?  Será que eu estou me mostrando pro John? Ai meu deus, que estrnaho! Mas será que ficar sorrindo é bom? Será que isso funciona? Sera que meu sorriso é bonito? - Pensava enquanto invluntariamente me aproximava de John.

"Seu sorriso é lindo sabia?" - Disse ele sorrindo tambem.

"Ah, Obrigada." (Acho que ficar sorrindo é bom!) - Viajava em meus pensamentos enquanto falava com ele toda sem graça.

"Algumas pessoas dizem que o nosso sorriso revela a pessoa que temos no intimo." - Dizia ele me conquistando mais uma vez com akele sorrisinho devastador que ele tinha.

"Ah, sério? Poxa. Que coisa! ( Ai sua idiota, num sabe nem falar! Será que agora é melhor eu parar de sorrir?) - Era impressionante como eu tinha a incrivel capacidade de queimar o meu proprio filme.

"É sério! Como se não bastassse ser linda exteriormente, pelo que eu posso ver do seu sorriso, você tambem é linda interiormente. Você é incrivel! - Disse ele um pouco mais serio, como se dissesse do fundo do coração.

"Ah John para com isso vai."( Ah num para naum!!!! Ele me chamou de INCRIVEL, caramba como esse adjetivo é perfeito!!! Incrivel, incrivel, incrivel!!) "Vamos nos juntar com o pessoal se não a Sra. Clark daqui a pouco vem apertar nossas buchechas." (Ai meu deus eu não consigo parar de sorrir!)

Depois encontramos as meninas e a Jenny ja veio cheio de graça, toda espevitada pra nos fazer o convite:

"Gente, o pessoal vai pra casa do parque hoje a noite. O frances viajou de novo. A casa é nossa! E ai vamos?"

Deixa eu explicar pra vocês. Há um tempo atras um frances de nome Maurice Fontaine construiu uma casa na parte norte do Westpark. Muitos foram contra, mas ele comprou o terreno, fazer o que. Mas esse não é o ponto. O ponto é que o frances Maurice deu uma grande festa pra fazer uma media com o bairro e tambem pra promever sua bela casa que mais parecia um castelo de Viena. Foi quando nós a descubrimos. Sim. Descubrimos a maravilhosa casa do frances Maurice.Mas a festa acabou. Porque tudo que é bom acaba heim? Bom, fomos pras nossas casas com um vazio no peito. Pensavamos: Quando poderiamos disfrutar dessa casa de novo? E se o frances resolvesse não dar mais festas? Ficariamos sem aquele castelo perfeito pra sempre? Lógico que não. Foi quando a Ashy teve a melhor das ideias. Ela reparou que o frances Maurice viajava muito. E a casa ficava às moscas, daí ela foi até ele e no seu melhor estilo cara de pau disse que queria juntar dinheiro pra pagar a universidade, visto que hoje em dia há muito poucas oportunidades de bolsas integrais pra jovens mulheres que nao jogam basquete nem são as primeiras alunas da classe. Logo ela precisava de dinheiro agora pra ja ir juntando e pagar sua faculdade no futuro. Mas... o emprego não podia ser integral visto que ela teria de estudar muito na escola pois tinha dificuldade de enteder as coisas. Então ela deu a seguinte ideia ao frances Maurice: "Porque o senhor não me deixa cuidar da casa quando o senhor viajar? O senhor viaja tanto! Eu sei lavar o chão e as janelas. Não deixarei sua casa ficar as moscas como tem ficado. E o senhor não vai encontrar sua casa tão suja toda vez que voltar de suas viagens. Sera tão bom para o senhor quanto pra mim." - Caramba que saudade. Como ela era esperta.
Continuando. O frances concordou com a Ashy. Daí virou rotina. Em toda viagem do frances Maurice faziamos as melhores festas de Nova york. É claro que tivemos alguns problemas com os seguranças, mas homem é tudo igual, não resistem a meninas safadas, alcool e comida de graça. As melhores festas aconteciam lá. E foi assim por muito tempo. Até que certo dia o frances Maurice voltou pra casa um pouco mais cedo. e pegou a Ashy dando a festa no flagra. REsultado: Ashy demitida, de castigo, quase presa e todo mundo sem festa. Que coisa triste. Por muito tempo ficamos sem festas realmente boas por aqui.

O frances Maurice nunca mais falou com ninguem do bairro. Ele se sentia o marido traído. Mas certo dia o improvavel aconteceu. O sobrinho de Maurice, veio da frança pra morar com o tio em Nova york e se matriculou justamente na escola que agente estudava. Não podia ser melhor não é? Quelquer jovem novo no colegio, principalmente estrangeiro, quer subir seu nivel de popularidade. E não foi diferente com o sobrinho do frances Maurice. Ele se chamva Dalton Fontaine. Parecia ter o romantismo de paris e a esperteza de Nova york.

Dalton aceitou o desafio: Quer ser popular francesinho? Então libera a casa do tio!
Pronto! Trato feito, prato feito, tudo perfeito. Começamos então a usufruir da fantastica casa "made in Paris" de novo.
E naquele dia o frances Maurice havia viajado de novo e Dalton novamente abriu a porta da casa pra popularidade entrar.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Parte 2 - "Mar de ressaca"


   Eu sabia que aquilo não era certo, que aquela não era eu, que com certeza a Ashy não aprovaria, mas não havia mais volta, eu me entreguei, lancei-me aos leões quando aceitei aquele primeiro copo de whisky.
  
  Senti alguém me puxando pelo braço, era John Stwart.

"Jessy?! O que você está fazendo aqui?" - Perguntou John espantado.

"Dançando com meus novos amigos, não está vendo?" - Respondi um tanto desnorteada e em meio a grotescas gargalhadas.

"Você está bebada?!"

"Não!" - Menti, lógico.

"Até uma criança perceberia que você está bebada. Você acha que a Ashy gostaria de te ver assim?"

   Senti meu estômago embrulhar quando ele citou o nome da Ashy.

"Dá um tempo John! Eu vim aqui me divertir, você deveria fazer o mesmo!" - Dei de ombros indo em direção ao meio da pista de dança quando John me impediu puxando forte o meu braço.

"Ai! Você tá louco?" - Perguntei perplexa por sua atitude inesperada, mas ainda sem muita noção das coisas.

"Vamos pra casa Jessy! Você não sabe o que está fazendo!" - John disse muito sério.

"Me larga! Não vou à lugar nenhum com você!" - Falei puxando bruscamente o braço.

   Subi no palco antes que John pudesse me criar um terceiro ematoma no braço me puxando de novo. Dançava descontroladamente enquanto nada me afligia nem me preocupava. Eu estava muito doida.

"We're gonna rise, rise, rise, keep on rising, rise, rise, rise, keep on rising"

   A música estava alta e a bebida me fazendo enlouquecer. O D.J. estava dançando comigo, pelo menos era o que eu achava né. Mas na verdade ele só estava mesmo era se aproveitando do meu corpo enquanto minha cabeça não estava pensando

"Larga ela, seu idiota." - Disse John me tirando de junto do D.J.

"Ah meu Deus, você tá louca mesmo! Sabe o que poderia ter acontecido se eu não tivesse ligado pras meninas? Ninguém saberia de você Jessy." - John nao tinha a minima ideia do que eu ia fazer aquela noite, so sabia que eu precisaria dele. John ligou pra todas as meninas e Nat falou pra ele que eu iria me afogar na minha própria irresponsabilidade. John foi até minha casa falou com a minha mãe e viu no meu computador a janela da boate que eu tinha deixado aberta. Além de lindo ele ficou muito esperto. Não sei o que seria de mim sem ele.

"Me larga você, John Stwart. Logo você vai querer dar uma de certinho é? Vê se me deixa em paz e vai rezar pela sua irmã porque eu tenho certeza que você ainda não tirou tempo pra fazer isso!" - A bebida fazia minha voz parecer ironica e ao mesmo tempo tirana.

   John saiu dalí magoado, mas os martínis não deixavam eu sentir pena nem me arrepender. Só me permitiam dançar, dançar e dançar.

   Até que num surto de lucidez eu me vi dançando quase nua entre dois caras muito nojentos e me pegando toda. Na mesma hora eu os empurrei. Mas acho que era tarde.

"Ah, que isso belezinha. Vem pro papai, vem. Rebola pra mim de novo!"
 
   Eles eram fortes e puxavam meu braço com muito mais grosseria do que John estava puxando.

"Não. Me larga. Me deixa!" - Dei-lhe uma joelhada num lugar onde eu nunca colocaria a mão, com certeza.

   Saí correndo porta-boate à fora. Não tinha percebido que eles tinham vindo atrás de mim. Foi quando um deles me agarrou por trás e me levantou, como se me fosse levar de volta pra dentro. Foi quando John apareceu de novo, e não poderia haver hora melhor pra ele aparecer.

"Larga ela seu imbecíl." - John disse enquanto dava um golpe nele me tirando de seus braços. John me levou pra perto dalí e me escondeu em seu carro. Daí ele me disse algo que trouxe um bem estar que eu nunca tinha sentido:

"Fica calma tá? Eu to aqui." - John olhava nos meus olhos. Daí eu sorri e ele disse enconstando a cabeça na minha: " Eu vou cuidar de você." Dai ele respirou fundo, me deu seu celular e disse: " Liga pra policia."

   Naquele instante John saiu de perto de mim. Ele foi ao encontro daqueles caras. Foi brigar com eles.

   Mesmo estando desnorteada consegui ligar pra polícia e falar o nome da boate. Mas nem deu tempo de escutar as cirenes tocarem. Apaguei com a cabeça mais pesada do que um barril de vinho.

   Mudanças climaticas, assim como Vodka, cuba-libre e whisky misturados, causam a lendária ressaca. Minha cabeça estava realmente como as ondas de ressaca -  Com atritos violentos e grosseiramente dolorosos.

   Raros são os adultos que nunca passaram pela provação de uma grande ressaca. Alguns têm ressaca porque bebem "demais", outros simplesmente porque bebem "mal". E eu bebi "mal" "demais".

   Passou a noite, a madrugada e uma pequena parte da manhã e então eu acordei com a cara mais inxada, o sol mais forte na cara e a melhor das ressacas. Parecia que uma mar inteiro estava batendo e rebatendo ondas na minha cabeça. Não dava para parar, nem pensar. Só me perguntava Porque tão cedo? Porque tanto sol? Porque tanta dor?

   Quando eu via um anjo se aproximar da cama, um anjo lindo, que me passava calma e me deixava com frio na barriga. Nunca saberei explicar a dupla sensação de alegria e ao mesmo tempo desconforto quando vi que era John Stewart.

- Hoje tem o chá da tarde anual dos Clarks, faz tempo que eu não vou! Lembra quando faziamos par no baile das crianças? Acho que vai ser divertido, mas só se você for! - Ele tinha uma carinha linda! Que impressionante. Ele me conquistava só de falar comigo. Eu não conseguia deixar de lado meu "pé atras" com John, era dificil depois de uma vida inteira de conflitos. Mas ele realmente havia me salvado no dia anterior. Devia isso a ele. Era algo que não se podia negar. E meu coração se econtrava amolecido ao mesmo tempo que desconfiado ainda.
  Coração e cabeça pensam diferentes, mas os dois estavam confusos. Na verdade minha cabeça era mais uma mistura de sentimento confundido com dor de cabeça pós balada. E em meio àquela confusão que pairava sobre minha cabeça, eu nada podia fazer, somente esperar a maré baixar.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

- Capítulo 2 -
Carpe Diem



Parte 1 - "DELIRIUM"



"Querido diário, hoje é 05 de agosto de 2009...

   Sabe... desde o acidente eu não saio mais de casa pra me divertir. Eu moro em Nova York! Quando olho a minha volta vejo milhares de pessoas rindo e se divertindo, eu sei que a maioria só está assim devido o efeito das drogas e do álcool, mas e daí? Eu também quero curtir, me render aos prazeres de NY. Agora que não tenho mais a Ashy não me importo mais comigo. Quero curtir a vida, conhcer garotos, ficar bebada! Tenho 17 anos e nunca fiz nenhuma loucura, hoje isso vai mudar. Vou fazer tudo que nunca fiz, começando por tirar uma identidade falsa se não vou ficar de fora das melhoras baladas. Vou aproveitar pra tentar esquecer o John, ele não sai da minha cabeça desde o nosso encontro na casa da árvore e pra piorar sinto um frio na barriga muito irritante toda vez que penso nele.
   Pelo que eu sei, só sentimos esse friozinho na barriga quando estamos... Ah! Não pode ser isso, deve ser alguma coisa que comi na janta e me fez mal. Quer dizer... qualquer coisa é melhor que estar gostando de John Stwart! O único sentimento que me permito ter por ele é o de repulsa..."

À tarde Natalie me ligou - "Hey amiga! Como você tá?"

"Tentando superar." - Respondi um pouco desanimada.

"Desde o acidente não nos falamos direito. To com saudades de você garota!" - Natalie diz tentando melhorar meu astral.

"Rs. Tembém to com saudades de você e das meninas. O que vai fazer à noite?" - Perguntei tentando mudar o foco da conversa. Não queria relembrar do acidente.

"Vou ficar em casa. Alguns familiares vão vir me visitar. Todo mundo ficou muito preocupado por causa de tudo que aconteceu. E você?"

"Bom... eu cansei de sentir pena de mim mesma, de ficar trancada no meu quarto chorando. Vou viver o carpe diem! Curtir cada segundo da minha vida na grande Nova York!" - Respondi nem um pouco convicta de minhas afirmações. Quem eu estava querendo enganar? Vou continuar chorando a minha vida inteira, mesmo que não seja trancada no meu quarto.

"Jessy, pensa melhor. Eu sei que você e a Ashy eram muito amigas e tá sendo muito difícil pra você superar, pra mim também não está sendo fácil."

"Natally, eu já perdi a Ashy e junto com ela perdi toda minha vontade de seguir em frente. Me diz o que de pior pode acontecer?"

"Você não é assim Jessy. Eu já perdi uma amiga, não quero perder você também." - Natalie disse quase chorando ao telefone.

"Fica calma Nat, eu sei o que to fazendo. Amanhã te ligo pra contar como a noite foi boa. Beijinhos amiga. Te amo."

   Quantas mentiras eu estava dizendo. Eu não tinha a menor idéia do que estava fazendo. A Ashy guiava minha vida. Ela sempre teve um espírito de liderança muito forte.

   Peguei meu notebook pra pesquisar quais os melhores bares e clubes da cidade e vi que tinha alguém me chamando no msn. Senti de novo aquele frio na barriga... era John Stwart.
   Na hora eu achei melhor ignorar mas não queria que ele pensasse que sou mal educada, não que eu me importasse com o que ele pensava de mim, na verdade não me importava com nada em relação  a ele. Que droga! Por que ainda to com esse frio na barriga?!

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-> <<(( JOhNny ))>> diz:

. Hey menina! Como você tá?

-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤·· diz:

. Eu to ótima. Por que?

-> <<(( JOhNny ))>> diz:

. Eu fiquei preocupado outro dia. Você saiu meio irritada lá da casa da árvore.

-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤·· diz:

. É. Saí sim. Pensei que você tivesse mudado mas continua me tirando do sério como antes.

-> <<(( JOhNny ))>> diz:

. Hey! Eu nem fiz nada.

-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤··° diz:

. Olha Johnny, não to afim de me irritar agora tá? Além do mais to ocupada.

-> <<(( JOhNny ))>> diz:

. Tudo bem. Tava pensando se não podiamos nos encontrar à noite, pra conversar.

-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤·· diz:

. Eu já tenho compromisso. Fica pra uma outra hora. Beijinhos... bye bye.


-> ··¤(`×[¤ Jessy G. ¤]×´)¤·· está Offline.

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   "O John tá tão lindo na foto do msn... ai ai... ele tá mais bronzeado, deve ter tirado na praia. Será que ele anda malhando? Ai ai... como está perfeito..." Pensava eu olhando pra pequena foto de John Stwart na janelinha do messenger.
   "Hey! O que eu to fazendo?! Esse é John Stwart! O pirralho idiota que colava chicletes no meu cabelo! Fala sério! Devo ter tomado comprimidos demais pra dor de cabeça." Eu tinha muitos diálogos mentais sobre mim mesma rs... As vezes até discutia feio com meus pensamentos... rs

   Olhei no relógio, eram exatamente 15h e 43min, eu ainda tinha muito tempo antes da minha grande noitada então resolvi sair um pouco pra me distrair.
   Era a primeira vez que via Nova York sem a Ashy, tudo estava tão diferente, parecia menos iluminada, menos colorida. Sempre riamos muito por essas ruas, falavamos das pessoas, das vitrines e principalmente dos garotos... rs
   Já perdi a conta de quantos namorados tivemos, sempre fomos o tipo de garotas populares mas nunca fizemos nada por isso, nunca nos importamos muito em ser populares sabe... as pessoas se aproximavam de nós naturalmente e os garotos também... rs

   Sempre fomos meninas mimadas e protegidas. Ashy arriscava algumas loucuras, mas eu nunca tive coragem. Naquele momento, naquele instante eu precisava me libertar. Precisava adentrar naquele mundo VIP de Nova York que só os corajosos aproveitavam. Coitadinha de mim, como estava errada e triste. Meu sofrimento me consumia de tal modo que não me deixava pensar. Ninguém podia entender. Nem eu entendia.
   Quando a gente para pra pensar, agente vê que a vida é precisamente pintada e riscada com detalhes, igual as pinceladas das telas de DaVinci - Minha mãe tinha três "xodós". Rs.. Era como ela chamava as três obras de arte que ela mais gostava da sua coleção. Eram de DaVinci. Caríssimas, e muito belas. Enfeitavam com luxo e despojo a nossa sala de estar. Uma casa tão linda, obras tão lindas, quem visse até pensaria que eramos felizes. Assim como eu precisava da Ashy minha mãe precisava de mim. Ela tinha problemas com alcoolismo e eu nunca pude seguir o meu verdadeiro sonho - de se tornar uma grande modelo, uma top model mundial, quem sabe. - Mas não pense que eu sonhava demais, elogios e propostas não faltavam pra esse meu sonho se tornar realidade. Barry Davis, um amigo da família, era agente de modelos. Ele não poupava elogios e muito menos propostas pra me tornar uma de suas melhores modelos e eu sempre me animava muito quando ele falava desse mundo maravilhoso que tanto me enxia os olhos, mas eu não podia. Eu não podia abandonar minha mãe. Não conseguia aceitar o fato de seguir com a minha vida enquanto eu sabia que ela iria se afogar no próprio copo de whisky. Mas as coisas mudam não é verdade? E como toda boa modelo metida e arrogante que se preze... eu me cansei de tudo.

 ***

   "Será que esse vestido pink fica legal com minha sandália prata?" Conversava eu com meus botões em frente ao espelho. Minha mãe sempre diz que o problema de ter muita roupa é que sempre ficamos em dúvida no que vestir, se tivessemos uma peça só não teriamos esse problema.
   Na verdade nunca tive muitos problemas pra me vestir mas naquela noite eu estava, inconcientemente, procurando motivos que me impedicem de sair. Eu sabia que não daria certo me arriscar, é como se jogar na boca dos leões. Infelizmente eu sempre fui orgulhosa demais pra desistir e naquela noite eu ia por pra fora tudo que nunca tive coragem de fazer!

   "DELIRIUM" Estava escrito em letras grandes e vermelhas na frente da boate. Engoli seco, respirei fundo e me entreguei. Eu tinha certeza que aquela noite seria inesquecível.
   Música alta, jogo de luzes, muita gente e logo na entrada um garoto super sarado veio me oferecer um drink.
   "Talvez não seja assim tão ruim. Deve ser só paranóia da minha cabeça." - Pensei olhando aquele garoto lindo parado na minha frente.
   Sorri e aceitei, aquele único drink se transformou em vários copos de whisky e martínis, minha cabeça já estava rodando e eu tinha uma energia incrível! Dançava incansavelmente e estava demais todos aqueles garotos lindos me pagando bebidas o tempo inteiro. Junto com a Ashy morreu minha inocencia.